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Capítulo 9

Author: Heloísa Rodrigues
Ela ainda acenou com a cabeça educadamente:

— Sim.

— Ah, ouvi dizer que foi você quem terminou com ele?

— Desde quando o Sr. Tomas ficou tão fofoqueiro? — Isabela sorriu.

Ela não estava ali para falar sobre suas fofocas. O que importava naquele momento era conquistar o Sérgio.

O negócio de Sérgio valia milhões. Se ela conseguisse fechar aquele contrato, sua pequena empresa daria um suspiro de alívio e ainda abriria portas para o futuro no mercado.

Wellington, que bem entendia suas intenções, logo entrou em cena para mudar de assunto:

— O Sr. Tomas ainda tem três doses de bebida para tomar, vamos lá...

Enquanto falava, ele se levantou e puxou Tomas para longe, ainda lançando olhares para Isabela, como se quisesse receber algum tipo de reconhecimento.

Isabela piscou para ele em resposta e, com o copo em mãos, se aproximou de Sérgio.

Estava prestes a falar quando a moça ao lado de Sérgio, de repente, se enroscou no braço dele:

— Sr. Sérgio, estou me sentindo um pouco mal. Você poderia me ajudar com uma massagem?

Enquanto dizia aquilo, ela olhava para Isabela com uma expressão desconfiada, como se achasse que Isabela fosse querer tirar algo dela.

Sérgio, ao ouvir, soltou uma risadinha baixa e disse, em tom suave:

— Então, onde você está se sentindo mal? Aqui? Ou aqui?

Enquanto falava, ele passava a mão pela cintura da moça de forma bem íntima, sem nem sequer lançar um olhar para Isabela.

Estava claro que ele não queria dar atenção alguma a ela.

Sérgio estava com a cabeça levemente inclinada, sua voz preguiçosa e cheia de sedução.

A moça corou imediatamente:

— Sr. Sérgio, você é um malvado!

Isabela quase não conseguiu evitar um leve tremor nos lábios.

Ela até já tinha visto muitas cenas como aquela, mas aquilo a deixou um pouco sem jeito, com as orelhas queimando de vergonha.

— Então, Sr. Sérgio, na verdade, vim aqui para conversar sobre aquele contrato que discutimos antes.

Embora interromper uma cena de flerte fosse extremamente indelicado, ela não teve outra opção, já que a sobrevivência de sua empresa estava em jogo. Mesmo que ela não fosse morrer de fome sem a empresa, havia mais de dez pessoas dependendo daquilo.

Especialmente Suzana. Quando Isabela disse que abriria uma empresa, Suzana foi a primeira a apoiar com tudo o que tinha.

Suzana vinha de uma família simples, e aquele dinheiro todo ela havia juntado com muito esforço.

Então, mesmo por causa deles, Isabela teve que engolir a vergonha e continuar falando.

Ao ouvir aquilo, Sérgio passou a olhar para ela com um olhar que misturava desconfiança e surpresa. Ele se endireitou um pouco e deu uma olhada rápida em Isabela, com uma expressão que escondia uma leve impaciência, como se tivesse sido interrompido.

Ele pegou um charuto da caixa sobre a mesa, cortou a ponta e, quando a moça ao seu lado tentou acendê-lo para ele, Isabela, com toda a sua subserviência, puxou um isqueiro e ofereceu.

Sérgio a olhou com um sorriso que não era exatamente amigável, mas também não recusou o gesto de subserviência.

A moça ao seu lado, por outro lado, lançou um olhar mortal para Isabela, como se estivesse pronta para destruir ela com um olhar.

Ele deu uma tragada no charuto, ajustou a gravata e, ao fazer aquilo, o pomo-de-adão de Sérgio se destacou, visível por baixo da roupa.

Sérgio tinha um tipo de aparência mais austera, com um rosto bem definido e traços particularmente profundos e marcantes. Sua aparência era daquelas que, mesmo no mundo do entretenimento, seriam consideradas de nível top.

Mas, por mais que sua aparência fosse imponente, ele havia crescido em um ambiente privilegiado, o que conferia uma aura de superioridade a ele, uma postura distante que parecia dizer "não se aproxime".

Isabela, olhando para ele com um sorriso meio enigmático, ajeitou a postura e tirou do bolso a proposta que trouxe, de forma séria:

— Dá uma olhada, por favor. Nossa equipe trabalhou até tarde para fazer umas modificações, tenho certeza de que vai gostar.

Sérgio a observou de cima a baixo, sem estender a mão para pegar o que ela oferecia. Ficou em silêncio por um bom tempo antes de falar:

— Falando tanto assim, está com sede, né? Bom, que tal beber um pouco, para mostrar sinceridade?

Isabela ficou momentaneamente sem saber o que dizer, mas antes que pudesse se manifestar, a voz fria de Sérgio soou novamente em seus ouvidos:

— Ué? Vem aqui para discutir negócios e não tem nem a mínima noção de como se comportar nesse tipo de ambiente?

Ela mordeu o lábio discretamente. Apesar de estarem no mesmo meio, se fosse comparar os patrimônios das duas famílias, a família Santiago não chegava nem aos pés do da família dele.

Sérgio era o tipo de pessoa que realmente não dava a mínima para os sentimentos dos outros.

Seu sorriso era perfeito, mas os olhos permaneciam frios.

— Você que manda, quantas doses?

A postura dela era realmente humilde. Quando ela sorria, ficava ainda mais bonita, como se as luzes ao redor ficassem um pouco mais brilhantes por causa do seu sorriso.

Sérgio já havia visto muitos tipos de mulheres, mas ainda assim, o sorriso dela conseguiu fazer com que ele se distraísse por um momento.

O homem engoliu em seco, e sua voz, que antes estava impassível, agora tinha um tom sedutor:

— Então, vai depender da sua sinceridade.

Ou seja, não havia limite para o que ele estava propondo.

Isabela sorriu de novo. Ela não era uma novata e nenhuma ingênua, sabia o que estava fazendo. Confiante no próprio fôlego para bebidas, não hesitou. Quando se levantou para pegar seu copo, foi a moça ao lado de Sérgio que se adiantou.

Ela sorriu para Isabela e disse:

— Não precisa, Srta. Isabela, eu mesma te sirvo.

Isabela desconfiou das intenções dela, mas, como estava na frente de Sérgio, não podia simplesmente recusar. De modo que, com um sorriso amarelo, deixou a mulher fazer o que queria.

Mas a tal "moça inocente" era mais cruel do que parecia. Ela foi até o armário da sala privativa, pegou sete ou oito copos grandes e os alinhou na mesa.

Sem cerimônia, pegou a garrafa de whiskey premium e começou a encher cada uma até a borda, num gesto que dizia claramente: "vou te ver morta".

Isabela ficou sem palavras.

Wellington, que até então não havia notado a situação, se deu conta de algo errado e correu para tentar amenizar a situação.

Mas Isabela o impediu, dizendo, com um sorriso no rosto:

— Não se preocupe. O mais importante é o Sr. Sérgio se divertir hoje.

Ela sorria, mas as palavras saíram quase rangendo os dentes.

Wellington percebeu as entrelinhas, e Sérgio também captou a mensagem.

Ele a olhou, seus olhos eram como de águia naquele momento, com um brilho curioso e um toque de algo misterioso.

— Srta. Isabela, não precisa se forçar, tá?

Isabela não respondeu. Com seus dedos finos, pegou um copo e o virou de uma vez só.
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