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Capítulo 3

Author: Lua Santiago
Alexandre estava sentado junto à janela, com um rosto de traços perfeitamente equilibrados, em seus olhos alongados coexistiam frieza e gentileza, o que o tornava extremamente atraente. Uma pequena elevação óssea na altura do nariz impedia que sua beleza caísse na vulgaridade. Naquele instante, parecia até que a luz do sol do lado de fora da janela o favorecia especialmente.

Quando Raíssa o viu, prendeu a respiração.

"Ele é muito bonito!"

Logo em seguida, ela se lembrou de que não era hora de pensar nesse tipo de coisa e imediatamente se sentiu nervosa de novo, abrindo a boca com ansiedade:

— Professor Alexandre.

Ela abaixou o olhar, assumiu um ar de quem tinha feito algo errado, mas, na verdade, também queria esconder o próprio nervosismo.

Comparado ao nervosismo de Raíssa, Alexandre se mostrou muito mais calmo, realmente assumiu a postura de um professor. Ele apontou para o assento à sua frente:

— Se sente.

Raíssa não teve coragem de se sentar e sorriu constrangida:

— Não, professor Alexandre, posso ficar em pé mesmo.

Alexandre já havia se levantado, sua altura superava a de Raíssa em uma cabeça, e ela até precisava levantar o olhar para encará-lo.

— Diga, por que você estava distraída na aula?

O tom de Alexandre era comum, como se realmente estivesse apenas interessado em saber o motivo da distração dela.

Raíssa não ousou contar o verdadeiro motivo. Após se preparar mentalmente por um bom tempo, respondeu, nervosa:

— É que... Eu não dormi bem ontem à noite. — Em seguida, pediu desculpas com muita sinceridade. — Desculpe, professor, não vou repetir isso novamente.

Alexandre não demonstrou se acreditava ou não em suas palavras. Caminhou direto até o local onde preparava água, rasgou lentamente o envelope de uma bebida em copo e despejou água dentro.

Seus movimentos eram lentos e precisos, os dedos longos, o porte naturalmente nobre e elegante. Quando o vapor quente começou a subir, aquela cena chegou a transmitir uma sensação agradável a quem assistia.

— Faz pouco tempo que voltei do exterior, não estou muito familiarizado com os métodos de ensino do país. Se minhas aulas forem monótonas, espero que você possa falar diretamente comigo.

Um professor tão humilde, alguém assim tão bonito e ao mesmo tempo tão humilde. Raíssa sentiu ainda mais que havia ultrapassado o limite e que ela mesma não valia nada.

— Não, não, o senhor ensina muito bem, professor Alexandre. — Se apressou em responder.

Embora não tivesse prestado muita atenção, pelas reações dos colegas depois da aula, dava para perceber que o Professor Alexandre realmente ensinava muito bem.

Alexandre esboçou um leve sorriso:

— Que bom, então. — Dito isso, ele entregou a bebida quente que acabara de preparar para Raíssa.

Seus dedos eram delineados, com as articulações bem definidas, e as unhas estavam aparadas na medida certa, limpas e arredondadas.

— Foi dado por outros professores, os jovens provavelmente gostam de beber isso.

"Ele realmente está quase dizendo que eu sou uma criança."

O rosto de Raíssa ficou quente. Ela estendeu a mão e pegou o copo:

— Obrigada, professor.

O copo estava levemente quente, mas não a ponto de queimar, e uma fumaça suave subia dele, espalhando um aroma intenso de bebida que penetrava em seu olfato.

Desde que entrou, Raíssa estava em estado de tensão e alerta, mas Alexandre não mencionou nada sobre aquela noite, ao contrário, parecia conversar com ela como se fosse uma conversa cotidiana. Junto ao aroma quente que invadia seu nariz, aquela tensão pareceu, aos poucos, relaxar.

Ela abaixou a cabeça e tomou um gole. O sabor doce se espalhou por sua boca.

Naquele momento, ela ouviu a voz de Alexandre ao seu lado:

— Naquela noite, foi você, não foi?

Aquelas palavras soaram como um trovão. Raíssa levantou a cabeça bruscamente, encontrando o olhar profundo de Alexandre.

Seus olhos pareciam ter o poder de penetrar qualquer coisa, como se pudessem ver através dela.

Ele conversou com ela e ainda preparou uma bebida, tudo para fazer com que ela baixasse a guarda.

Raíssa tossiu algumas vezes, quase se engasgando com a bebida na boca.

Alexandre, como se já esperasse por aquilo, prontamente lhe estendeu um lenço de papel com destreza.

Raíssa pegou o lenço rapidamente, limpou a boca às pressas e, assim que se recompôs, negou de imediato:

— Não fui eu. Não era eu.

Alexandre semicerrou os olhos, com um sorriso ambíguo nos lábios:

— Eu não disse qual noite. Nem falei do que se trata.

Raíssa percebeu que acabava de se expor sem querer e entrou em pânico. A bebida em sua mão perdeu o sabor:

— Professor Alexandre, eu realmente não sei do que está falando, mas tenho certeza de que não era eu, por isso nego.

A expressão de Alexandre não mudou. De repente, ele estendeu a mão em direção a ela.

Seus dedos extremamente claros seguraram o pulso dela. No instante em que as peles se tocaram, Raíssa tremeu, como se tivesse sido queimada.

"O que ele pretende fazer?"

O coração de Raíssa disparou de ansiedade.

— Lembro que, naquela noite, havia uma pinta na palma da sua mão.

Assim que terminou de falar, Alexandre virou a mão dela.

No centro da delicada palma, se destacou uma pinta.

A prova era irrefutável.

Alexandre levantou levemente as pálpebras e olhou para ela:

— O que você tem a dizer sobre isso?

Raíssa sentiu imediatamente que não havia como escapar daquela situação.

Na verdade, ela podia muito bem fingir que não sabia de nada, afinal, não era a única pessoa com uma pinta na palma da mão. No entanto, a presença de Alexandre era poderosa demais, e a figura do professor, para o aluno, já representava uma espécie de pressão inerente à posição.

Além disso, por mais que tentasse negar, Alexandre já estava convencido de que era ela.

Naquele momento, as lágrimas quase vinham aos olhos, e sua voz saiu embargada, quase chorando:

— Professor Alexandre, eu errei, a culpa é minha. Eu não devia ter feito sexo com um desconhecido. Vamos considerar que isso nunca aconteceu, eu prometo que nunca mais vou falar sobre isso.

Raíssa se sentiu à beira do colapso e, antes que as lágrimas caíssem, se virou e saiu correndo da sala do professor.

O som de uma porta batendo ressoou com força, e Alexandre ficou um tanto surpreso.

"Eu nem cheguei a dizer nada, como é que ela saiu correndo assim?"

Na verdade, ele a procurou apenas para saber como iriam lidar com aquela situação, afinal, também era a primeira vez que ele passava por algo assim.

Ele era alérgico ao álcool e, normalmente, não bebia nem uma gota. Naquela noite, seus amigos organizaram uma festa de boas-vindas para ele. Sem querer, ele pegou o copo de outra pessoa e só percebeu que era bebida alcoólica depois de tomar um gole. Pouco tempo depois, começou a sentir o corpo todo quente e quis ir ao banheiro lavar o rosto para se recompor. Não esperava, porém, que uma garota fosse esbarrar nele, olhando-o com olhos úmidos.

Talvez por causa do álcool, ele cometeu o maior erro da vida dele: perdeu o controle pela primeira vez e teve relações sexuais com uma mulher desconhecida. No dia seguinte, ao acordar, a mulher já não estava mais ao lado da cama.

Ele também tentou procurá-la, a mancha vermelha no lençol sempre o incomodava. Ele sabia de imediato que era mais velho que ela e, de qualquer forma, queria resolver a situação.

Mas ele não esperava que ela fosse sua aluna.

Essa revelação foi tão impactante que ele perdeu a compostura em sala de aula.

Agora, parecia que ela estava ainda mais desesperada do que ele.
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