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Capítulo 8

Author: Isis Rocha
— Tudo bem, não vou forçar. — Concordou Leandro, com um aceno de cabeça, desistindo de insistir.

Ele estava realmente faminto após um dia inteiro correndo atrás de compromissos, sem conseguir comer direito, então não ia desperdiçar aquela refeição maravilhosa.

Ele pegou os talheres e começou a jantar com movimentos elegantes e descontraídos, cada gesto revelando uma naturalidade impressionante que transparecia uma classe aristocrática inata, como se fosse um nobre que tivesse saído diretamente das páginas de um romance de época.

Sabrina ficou observando Leandro comer e se sentiu constrangida, não querendo incomodar durante a refeição dele. Ele se levantou devagar e foi até a porta, abrindo-a discretamente para dar uma olhada no corredor.

O corredor estava banhado por uma luz amarelada e um silêncio sepulcral, mas ainda não havia rastro de seu irmão. No segundo seguinte, porém, as portas do elevador se abriram, revelando a silhueta de um casal que se aproximava.

A mulher vestia um justo conjunto vermelho, que balançava graciosamente a cada passo como pétalas de rosa ao vento, caminhando de braços dados com o homem ao seu lado enquanto se inclinava com carinho em sua direção com o rosto iluminado de felicidade.

Era Eduardo acompanhado de Cláudia, sem dúvida alguma.

Cláudia também reparou em Sabrina parada na entrada da suíte e seus olhos se arregalaram como se tivesse descoberto um segredo explosivo. Como se tivesse levado um choque, ela soltou rapidamente o braço de Eduardo e estampou uma expressão de surpresa teatral antes de exclamar num tom deliberadamente doce:

— Sra. Pereira, que surpresa encontrar você aqui!

Enquanto falava, raciocinava internamente sobre como Eduardo havia reservado um quarto completamente diferente, então era impossível que Sabrina estivesse hospedada naquele local.

Eduardo ouviu a exclamação de Cláudia e automaticamente seguiu seu olhar. Lá estava Sabrina, na entrada da suíte presidencial mais exclusiva do clube, com os cabelos bagunçados e algumas mechas caindo descuidadamente sobre o rosto.

Seus olhos estavam vermelhos e inchados de tanto chorar, transmitindo uma exaustão profunda que a fazia parecer uma pessoa completamente diferente da mulher radiante que costumava ser. O fato de encontrá-la justamente na porta daquela suíte específica, que era a única suíte presidencial de todo o Clube Água Celeste e reservada para hóspedes extremamente importantes e misteriosos, provocou uma mistura turbulenta de confusão e desconfiança no peito de Eduardo.

O rosto de Eduardo se endureceu num instante enquanto caminhava com passos determinados em direção a ela. Parou bem na frente de Sabrina e a encarou de cima com um olhar carregado de acusação antes de disparar numa voz cortante:

— Que história é essa de você estar aqui? Veio me espionar por acaso?

Sua voz ecoou pelo corredor como uma lâmina afiada, cortando o silêncio.

— É impressionante como o Sr. Eduardo não economiza na hora de impressionar sua secretária particular. — Retrucou Sabrina, encarando aquela demonstração patética de hipocrisia com desprezo absoluto. — Que generosidade tocante trazer ela para um lugar tão refinado assim!

As palavras que Eduardo havia pronunciado solenemente em casa ecoaram em sua mente, quando prometeu que Cláudia jamais seria um obstáculo entre eles, mas a cena que presenciava naquele momento era de uma ironia brutal e dolorosa.

Confrontando as promessas vazias com a realidade crua, ela só conseguia enxergar a falsidade repugnante daquele homem.

— Sabrina, me dá uma chance de explicar isso! — Implorou Eduardo, ao perceber o olhar frio dela, sentindo um pânico súbito se apoderar de todo seu ser.

Tentou falar várias vezes, abrindo e fechando a boca como um peixe fora da água, mas parecia que as palavras haviam simplesmente desaparecido, e ele não conseguia formular uma defesa minimamente convincente.

Foi justamente naquele momento constrangedor que Leandro apareceu na soleira da porta depois de limpar com elegância os lábios com o guardanapo, caminhando com tranquilidade.

Sua postura impecável e seus movimentos fluidos irradiavam uma nobreza natural que chamava atenção.

Quando Eduardo viu Leandro emergindo daquele quarto, seu olhar já irritado se transformou numa fúria assassina, como se fosse uma fera selvagem prestes a atacar sua presa.
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