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CAPÍTULO 9

Author: Lira Celestial
Heloísa tentou continuar olhando os fogos, mas depois daquela cena, o brilho no céu já não tinha graça alguma.

Ela se lembrou de todos os shows de fogos dos anos anteriores.

Todos os anos, ela criava coragem para pedir a Simão que levasse Igor à beira do rio para ver o espetáculo, mas Simão sempre recusava, dizendo que o menino ainda era pequeno demais.

E, no entanto, naquela noite, ele estava ali, com Isadora e Igor.

Então não era porque Igor fosse pequeno.

Era apenas porque Simão não queria que ela fosse junto.

O coração, já machucado, mergulhou ainda mais fundo no frio.

E a ideia do divórcio ficou mais firme do que nunca.

Quando o show terminou e a multidão começou a se dispersar, Heloísa pegou o braço de Yara e seguiu pelo caminho oposto ao de Simão.

Achou que conseguiria evitá-los, mas acabou esbarrando com eles na calçada.

Heloísa ficou surpresa por um instante.

Instintivamente, levantou o olhar na direção de Simão.

Ele também a observava, o olhar carregado de desaprovação.

Ela não entendeu. Ele estava com a amante e o filho, e ainda parecia irritado?

Os pensamentos dele sempre foram difíceis de decifrar.

Heloísa também já não queria tentar entender.

— Sr. Simão, que coincidência. — Ela curvou os lábios num leve sorriso.

Simão apertou o menino nos braços e lançou-lhe um olhar gelado.

— Bravinha assim, hein? Agora nem o próprio filho você quer mais?

Heloísa olhou para Igor.

Ao cruzar o olhar com a mãe,

Igor franziu as sobrancelhas e, instintivamente, se inclinou para o colo de Isadora.

— Não quero a mamãe... quero a madrinha.

O rostinho bonito dele estava tomado por uma expressão séria, sem o menor sinal de preocupação por magoar a mãe.

— Igor, amor, não fala assim. A mamãe é quem mais te ama no mundo, sabia? — Isadora o envolveu nos braços e, em tom de doce agrado. — Dá um abraço nela, vai?

— Não quero a mamãe...

Igor se encolheu ainda mais nos braços de Isadora.

Como não conseguiu "acalmá-lo", ela apenas sorriu de leve para Heloísa.

— Sra. Heloísa, por favor, não leve a mal. Acho que ele só estranhou... faz tempo que não a vê.

— Tudo bem. — Respondeu Heloísa, recolhendo discretamente as mãos.

— Se ele não me quer, então eu já vou indo.

— Espera. — Simão segurou o pulso dela, o olhar fixo no seu rosto. — Vamos juntos.

Juntos?

Ir pra onde?

Pra mansão da família?

Ou pra casa do casal?

De qualquer forma, ela não queria ir com ele.

Com um movimento firme e silencioso, foi soltando o pulso até se libertar.

— Não precisa. Leva a Srta. Isadora e o Igor pra casa.

Virou-se para ir embora.

— Heloísa Valente Franco! Já chega de cena? — Simão deu um passo à frente, tentando agarrar o braço dela.

— Sr. Simão! — Yara se colocou à frente dele, sem a menor cerimônia.

— Por favor, Sr. Simão, se dê ao respeito. A Heloísa já não é mais sua esposa. Por que não leva sua sonsa e o filhinho querido pra casa dormir, em vez de vir atormentar ela?

O olhar de Simão escureceu.

Isadora, por sua vez, ficou furiosa e rebateu na hora:

— Tá me chamando de sonsa?!

— Tô chamando quem rouba o marido dos outros. — Yara a mediu de cima a baixo, de propósito. — O que foi? A tal professora vai se reconhecer sozinha?

— Você... — Isadora ficou sem fôlego de raiva, mas logo conteve o ímpeto e mordeu o lábio, parecendo ofendida.

— A senhorita entendeu tudo errado. Eu sou apenas a professora do Igor.

— Ah, é? Professora? — Yara olhou de novo para ela e depois para Simão. Cuspiu no chão, sem disfarçar o desprezo.

O rosto de Simão escureceu ainda mais.

Não se dignou a discutir com Yara.

Com a voz baixa e firme, olhou para as costas de Heloísa e ordenou:

— Heloísa, não entendeu o que eu disse? Vem pra casa comigo.
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