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Três Súplicas ao Pai Bilionário
Três Súplicas ao Pai Bilionário
Author: Beleza

Capítulo 1

Author: Beleza
Para dar lugar ao cachorro da Bianca no último quarto disponível, minha cama foi colocada no corredor.

Quando a porta do quarto foi fechada, Otávio ainda segurava o escapulário que havia acabado de tirar do pescoço. Ele apertava os punhos, já machucados e arroxeados, e batia com força na porta do quarto, uma vez após outra:

— Tia, devolve o quarto para a minha mãe, por favor? Tia, eu estou te implorando, abre essa porta!

A voz infantil de Otávio ecoava por todo o corredor, mas não conseguia atravessar o coração gelado de Bianca, que estava dentro do quarto brincando com o cachorro. Quanto mais alto Otávio chorava e gritava, mais animada Bianca parecia em se divertir com seu pet.

— Cachorrinho, seja bonzinho. Nós não damos atenção para coisas sujas. — Disse Bianca.

A voz de Otávio começou a ficar rouca. Aquele mesmo menino que, no passado, chorava desesperado por um simples arranhão, agora apenas pegava a barra da própria camisa e limpava o sangue que escorria de seus punhos feridos. Com os olhos cheios de lágrimas, ele gritou com ódio:

— Mulher má! Esse quarto foi trocado pelo meu escapulário! Quem te deu o direito de usar ele para o seu cachorro? Você é uma mulher horrível!

A voz de Otávio já estava tão rouca que era difícil entender o que ele dizia. Até mesmo suas acusações soavam frágeis e dolorosas.

Eu, deitada na cama do corredor, sentia minhas lágrimas se misturando com o sangue que escorria do meu corpo. Com a voz fraca, sussurrei para mim mesma:

"Me desculpe, Otávio. Eu não consegui te proteger. Me desculpe... Me desculpe..."

A porta do quarto continuou fechada. Ninguém veio abrir. Otávio, com o olhar vazio, caminhou de volta até a minha cama. Seus olhos estavam tão inchados de chorar que mal conseguiam se abrir:

— Mamãe, me desculpa. A culpa é minha. Eu não consegui proteger o quarto. Eu sou fraco. Me desculpa, mamãe.

Eu podia sentir a vida se esvaindo lentamente do meu corpo. Eu sabia que eu estava morrendo. Mas eu tinha medo de assustar meu pequeno Otávio. Por isso, usei o que restava de minhas forças para forçar um sorriso e, com a voz quase inaudível, disse:

— Otávio, eu estou com um pouco de frio. Você pode buscar um cobertor para mim?

Otávio ficou parado por dois segundos, confuso. Então enxugou rapidamente as lágrimas e respondeu, com a voz firme:

— Vou buscar agora, mamãe! Você promete que vai esperar por mim? Promete, mamãe?

Eu assenti com dificuldade e observei enquanto ele corria pelo corredor. Sua pequena silhueta se afastava cada vez mais, até que desapareceu de vista. Então, fechei os olhos lentamente.

"Otávio, me desculpa... Eu não vou conseguir esperar por você."

Quando voltei a abrir os olhos, já não estava mais no meu corpo. Eu havia me tornado uma alma, seguindo silenciosamente ao lado do meu filho.

Otávio era muito esperto. Ele sabia que voltar para casa levaria tempo demais. Então, assim que viu uma porta de quarto aberta, ele entrou correndo imediatamente.

Deitada na cama estava outra mulher jovem. Seu marido, com um sorriso gentil, cobria cuidadosamente cada canto do cobertor sobre ela, certificando-se de que ela estivesse confortável. Ao lado deles, um menino de cerca de cinco anos segurava um copo de água quente e chamava docemente:

— Mamãe, tome um pouco de água.

Por alguma razão, Otávio sentiu seus olhos começarem a encher de lágrimas. Mas ele sabia que não podia chorar. Ele ainda precisava pedir um cobertor emprestado para a mamãe.
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