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Capítulo 3

Author: Beleza
O braço de Otávio começou a tremer incontrolavelmente, mas ele se recusava a chorar. Ele ergueu a cabeça, com os olhos vermelhos e inchados, encarando Bianca, que estava impecável e reluzente em sua aparência.

— Minha mãe não é uma mulher desprezível! Minha mãe é a melhor mãe do mundo! Você é uma mulher má, e eu não vou deixar você machucar minha mãe!

Depois de dizer isso, Otávio abriu a boca e mordeu com força a perna de Bianca, acreditando que isso a faria recuar.

Bianca, já furiosa, ficou completamente descontrolada. Ela usou o salto fino de seu sapato e chutou o pequeno corpo de Otávio diretamente no estômago, com toda a força:

— Seu pirralho nojento!

Eu gritei, desesperada, e tentei correr para proteger meu filho, querendo abraçá-lo e tirá-lo daquele pesadelo.

Mas Otávio atravessou meu corpo como se eu não estivesse ali. Ele bateu violentamente contra a parede e, ao cair no chão, cuspiu uma grande quantidade de sangue. Mesmo assim, ele ainda se recusava a chorar. Com teimosia, ele estendeu sua pequena mão e começou a tatear o chão:

— O... cobertor... Minha mãe precisa do cobertor...

Bianca, insatisfeita, colocou o cachorro no chão e caminhou até onde Otávio estava. Ela levantou a mão e deu um tapa forte no rosto dele.

— Bianca?

A voz incrédula de Flávio ecoou pelo saguão, congelando todos os presentes.

Os olhos apagados de Otávio de repente brilharam de esperança. Ele abriu sua boca ferida e chamou baixinho:

— Papai...

Flávio deu um passo na direção dele, mas Bianca rapidamente se virou e estendeu a mão, interrompendo-o.

— Flávio, eu estava justamente te procurando. — Disse ela, com um sorriso doce, enquanto fazia um gesto para que os seguranças bloqueassem Otávio. Então, sem hesitar, ela se jogou nos braços de Flávio.

Flávio franziu a testa, percebendo algo estranho:

— Bianca, aquele no chão é o Otávio? Você bateu nele?

Os olhos de Bianca brilharam com um lampejo de malícia, mas logo ela começou a chorar, deixando lágrimas escorrerem pelo rosto:

— Flávio, me desculpa. Você não estava aqui e Otávio, não sei sob influência de quem, veio ao quarto e começou a me xingar por um bom tempo. Eu tentei ignorar, mas ele acabou se jogando contra mim. Você sabe, eu ainda estou me recuperando da cirurgia, e os médicos disseram que...

Flávio fechou o rosto e a expressão dele passou de dúvida para raiva em questão de segundos:

— Heloísa está cada vez pior em educar esse garoto. Você já é frágil, e se algo te acontecer por causa dele, eu não vou perdoar nenhum dos dois.

Eu estava parada na frente de Flávio, desesperada, tentando explicar:

"Não! Não é isso! Otávio não fez nada de errado! Ele só queria me ajudar! Bianca está mentindo!"

Otávio, ouvindo as palavras de Flávio, tentou chamar novamente:

— Papai...

Mas antes que ele pudesse continuar, os seguranças cobriram sua boca.

Flávio parou por um momento, hesitando, ao ouvir o som abafado. Ele virou a cabeça ligeiramente.

— Otávio está me chamando? — Perguntou ele.

O rosto de Bianca se contorceu por um segundo, mas logo ela forçou um sorriso e, com uma expressão de falsa força, soltou o braço de Flávio:

— Se quiser ir até Otávio, vá. Eu estou bem... Mesmo que tenha sido ele quem provocou meu ataque cardíaco naquela vez, quase me fazendo nunca mais te ver... mas é uma criança, e eu o perdoo.

As palavras de Bianca fizeram com que a hesitação nos olhos de Flávio desaparecesse completamente, sendo substituída por uma determinação fria.

Flávio deixou escapar um sorriso cínico e começou a se afastar com passos largos, sem sequer olhar para trás:

— Já que a Heloísa não é capaz de educá-lo, Bianca, faça isso por mim. Crianças precisam de disciplina. Se Otávio continuar assim, Heloísa vai acabar estragando ele de vez. Vou te esperar no andar de cima.

Enquanto Flávio sumia pelo corredor, Otávio começou a se debater mais intensamente. Bianca caminhou até ele e o atingiu com mais algumas bofetadas fortes.

O rosto de Otávio estava completamente inchado, os lábios rasgados e cobertos de sangue. Mas, apesar de tudo, ele se recusava a soltar o cobertor que segurava contra o peito.

Bianca, ainda insatisfeita, arranhou o canto do olho de Otávio com suas unhas compridas e afiadas:

— Pirralho nojento. Você é tão desprezível quanto a sua mãe.

Eu estava fora de mim. Tentei de todas as formas atacar Bianca, gritando, chorando, pedindo que ela parasse. Mas nada adiantava. Bianca continuava a machucar Otávio, enquanto eu me ajoelhava no chão, batendo minha cabeça, implorando que ela tivesse piedade de uma criança.

"Por que eu morri tão cedo? Por que não posso proteger meu filho?" Pensei, enquanto minha alma era consumida pela fúria e pela impotência.

A agressão só parou quando o cachorro de Bianca soltou um latido.

Bianca imediatamente se agachou e, com uma voz doce, falou para o animal:

— Meu bebê, você se assustou?
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