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Você Se Casou com Sua Musa, E Eu Virei Sua Obsessão
Você Se Casou com Sua Musa, E Eu Virei Sua Obsessão
Author: Stella Pomelo

Capítulo 1

Author: Stella Pomelo
— Srta. Carolina, após a verificação, confirmamos que o seu certificado de casamento é falso. A falsificação de documentos é crime. Pedimos que colabore com a investigação.

— Como assim? Hoje em dia até certidão de casamento pode ser falsificada?

— Acho que ela foi enganada… Que pena.

Sob os olhares estranhos dos funcionários e de alguns casais que aguardavam no cartório, Carolina Queiroz saiu cambaleante, em completo torpor.

O sol de meio-dia queimava o asfalto, mas ela sentia um frio cortante percorrer todo o corpo.

Na véspera, Leonardo Coelho havia finalmente concordado em se casar com ela, encerrando os cinco anos de namoro.

Naquela noite, o quarto mergulhou em uma atmosfera intensa, carregada de desejo e intimidade.

Mas, no auge da paixão, um telefonema interrompeu tudo.

Leonardo, de maneira estranha, parou de repente e atendeu.

— Não seja boba, o documento com ela é falso. Afinal, já faz dois anos que me casei de verdade com você.

Ele falava em um idioma raro, mas Carolina compreendeu perfeitamente.

Os amigos de Leonardo dominavam aquela língua e, para se entrosar, ela havia se matriculado em um curso secreto.

— Mesmo assim, eu tenho ciúmes. Se ela não existisse, seria melhor.

— Não seja caprichosa. A Carol é inocente. Já não bastou o acidente de carro da última vez? A perna dela ficou comprometida. Nunca mais poderá dançar. Ninguém vai disputar o posto de rainha da dança com você. Se causar mais problemas, não sei se conseguirei encobrir.

— E quanto à criança?

— Assim que ela engravidar e tiver o bebê, vou dar um jeito de registrar a criança como nossa. Pronto, fique calma. Ela não vale nem um fio do seu cabelo. Como eu poderia me apaixonar por ela?

O choque fez Carolina recobrar, aos poucos, a clareza.

Então… O acidente de dois anos atrás havia sido planejado?

Naquela ocasião, um caminhão desgovernado quase a esmagou. Por pouco não perdeu as duas pernas.

Ficou internada mais de duas semanas no hospital para salvar uma delas. Mas a dança… Essa jamais voltaria a fazer parte de sua vida.

Ela herdara o talento da mãe para a arte e tinha diante de si um futuro brilhante.

Depois, Leonardo dissera que tudo não passara de um acidente. Garantira que não se importava com a sua limitação, e ela, tocada pela dedicação dele, acabou se entregando ainda mais.

Mas tudo não passava de uma conspiração. Leonardo a enganara, e ainda se casara com a culpada. Queria até usá-la como barriga de aluguel.

Após uma noite em claro, ela foi cedo ao cartório confirmar a verdade.

E a realidade lhe deu um tapa cruel.

Teve que sorrir e fingir que era apenas uma brincadeira. Felizmente, os funcionários não aprofundaram a investigação. Apenas a repreenderam com algumas palavras antes de deixá-la sair.

O celular tocava sem parar. Atônita, Carolina finalmente atendeu.

— Já foi para a empresa? — A voz grave, ainda sonolenta, soava magnética e envolvente.

— Não… Tive que resolver umas coisas. — Carolina reuniu todas as forças para que sua voz parecesse normal.

— Onde você está? Eu vou te buscar.

Os olhos dela se encheram de lágrimas naquele instante.

Lembrou-se do que ele lhe dissera: "Não importava aonde fosse, nem quando, ele sempre iria buscá-la para voltarem juntos para a casa deles."

Mas agora… Eles ainda podiam ser chamados de família?

Dois anos antes, ele já havia se tornado marido de outra mulher, traindo-a não apenas com o corpo, mas também com a alma.

— Carol?

— Não precisa. — Respondeu Carolina, com lágrimas deslizando pelo rosto, mas sem deixar que sua voz denunciasse nada. — Tenho coisas para resolver. Vou sozinha.

Ela insistiu, e Leonardo acabou cedendo.

Ao desligar, Carolina tentou organizar o turbilhão confuso dentro da própria mente.

Namorara Leonardo por cinco anos, e durante todo esse tempo ele sempre parecera irrepreensível.

Na universidade, fora presidente do grêmio estudantil, brilhante e admirado.

Depois de formado, tornara-se o jovem herdeiro de um poderoso grupo empresarial: rico, bonito, promissor.

Mulheres se aproximavam dele sem parar, mas Leonardo mantinha a mesma frieza, indiferente a todas… Menos a ela.

Então, quem era a mulher com quem ele havia se casado em segredo dois anos atrás?

E aquele acidente…

Quando o relógio já se aproximava do meio-dia, Carolina chegou à empresa.

— Bom dia, secretária Carolina. — Cumprimentaram os funcionários da presidência.

Ela apenas assentiu em silêncio, retribuindo discretamente.

Sobre a sua mesa, uma pilha de documentos aguardava. Carolina revisou cada um com atenção, separou alguns e levou-os ao escritório de Leonardo para assinatura.

O homem, impecavelmente belo e altivo, estava sentado atrás da ampla mesa de mogno. Sua presença imponente dominava o ambiente, transmitindo autoridade mesmo sem precisar de palavras.

Mas, ao vê-la entrar, aquela aura austera suavizou-se de imediato.

Assinando cada documento que ela lhe entregava, levantou o olhar, o rosto carregado de preocupação.

— Você está com uma aparência péssima.

— Só um pouco cansada, nada demais.

— Este projeto tem exigido muito de você. — Disse Leonardo, estendendo a mão para tocar-lhe o rosto com suavidade. Em seguida, como se fosse um truque de mágica, tirou de uma gaveta uma caixa longa e elegante. — Surpresa.

Carolina recebeu a caixa em silêncio e a abriu.

Dentro, repousava um colar de diamantes deslumbrante.

Ela o reconheceu imediatamente: era o modelo mais recente e limitado da marca Solara.

Leonardo levantou-se, puxou-a para os seus braços e inclinou-se para beijar-lhe a testa. Mas Carolina desviou o rosto, fugindo de seu toque.

Ela o achava sujo.

— Carol? — Os olhos de Leonardo escureceram.

Durante todos esses anos, ele lhe dera incontáveis presentes, dos mais simples aos mais luxuosos. Sempre que recebia um, Carolina se alegrava, surpresa e feliz. Mas, desta vez, algo estava diferente.

— Obrigada, eu gostei muito. — Murmurou ela, baixando o olhar enquanto fechava a caixa. — Mas aqui é o escritório, melhor termos cuidado.

Leonardo sorriu e passou a mão pelos cabelos dela, num gesto quase íntimo.

— Minha Carol é sempre tão sensata.

De volta à sua mesa, Carolina deixou a caixa com o colar de lado, sem sequer abrir novamente.

Era impossível negar: Leonardo conhecia muito bem suas preferências.

Se não tivesse descoberto a traição, ao receber aquele colar ela certamente teria reagido como antes, cheia de entusiasmo.

Na hora do almoço, Carolina abriu as redes sociais de Leonardo e vasculhou cada detalhe. Não encontrou nada suspeito.

As publicações dele eram sempre sobre o trabalho ou sobre ela.

Ele adorava exibir momentos românticos dos dois, a ponto de deixar os amigos cansados de tanta ostentação.

Mas, ao revisitar aqueles instantes que antes pareciam doces, Carolina só sentiu um vazio gelado.

Até que um detalhe a fez parar.

Em uma das postagens, um like chamou sua atenção: a foto de perfil era uma mão delicada e pálida, adornada por uma pulseira idêntica a uma das que Leonardo já lhe dera.

Pressentindo algo, ela clicou para entrar no perfil.

A publicação mais recente, feita no dia anterior, dizia:

[Ganhei um colar maravilhoso que atravessou o oceano só para chegar até mim. Apaixonada!]

A legenda vinha acompanhada de uma foto.

O colar era exatamente igual ao que Leonardo lhe entregara naquela manhã: o modelo exclusivo da Solara, edição limitada a apenas duas peças.

Carolina soltou uma risada amarga.

Uma para ela, outra para a outra mulher. Leonardo dividia seu afeto como se fosse um rei generoso.

Fechou as redes sociais e, sem hesitar, comprou uma passagem de avião para dali a um mês.

Estava à frente de um projeto importante, liderando sua equipe com dedicação. Ainda faltava um mês para a conclusão, e aquele trabalho carregava o esforço de todos. Ela não podia simplesmente abandonar.

Mas, depois disso, partiria.

Deixaria a empresa.

Deixaria Leonardo.

Com a passagem confirmada, abriu outra conversa no celular.

[Pai, eu já decidi. Vou voltar para casa e ajudá-lo nos negócios da família. Quanto à aliança matrimonial… Eu aceito.]
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