Capítulo 2

Ao final do expediente, Leonardo saiu do escritório com o terno pendurado no braço.

Carolina já se levantava quando ouviu a voz dele.

— Esta noite tenho um jantar de negócios. Vá para casa primeiro.

Jantar? Ela nunca ouvira falar disso.

Levantando os olhos, encarou-o. O olhar de Leonardo continuava carregado de ternura, intenso e sedutor como sempre.

Antes, qualquer coisa que ele dissesse, ela acreditava sem hesitar.

— Está bem. — Respondeu Carolina, sem demonstrar nada. — Mas lembre-se de não beber demais.

Leonardo sorriu, bagunçou-lhe os cabelos com a mão e disse em tom leve:

— Vou fazer como você manda.

Carolina chamou um carro e seguiu discretamente o automóvel dele.

O trajeto terminou no aeroporto.

Entre a multidão que se movia apressada, seus olhos encontraram Leonardo de imediato. Ele vestia um terno preto sob medida, impecável, com o porte elegante e o rosto deslumbrante que se destacavam em qualquer lugar.

E então ela viu.

Uma mulher de cabelos longos correu para os braços de Leonardo, e ele não a afastou. Ao contrário, a envolveu num abraço apertado.

Os dois pareciam, de fato, um casal perfeito.

Depois do abraço, a mulher se ergueu nas pontas dos pés para beijá-lo. Leonardo desviou o rosto e disse algo, mas ela insistiu, até que finalmente seus lábios se encontraram num beijo profundo.

A cena provocou náusea em Carolina. Mais do que isso, deixou-a atônita.

Aquela mulher era Larissa Coelho, a irmã adotiva de Leonardo.

Larissa perdera os pais aos três anos. Como a família dela tinha laços antigos com os de Leonardo, a família Coelho a acolheu.

Desde então, ela e Leonardo cresceram como irmãos. Quando Carolina começou a namorar Leonardo, ele até as apresentou. Naquela época, Larissa a chamava carinhosamente de "cunhada".

Três anos atrás, Larissa fora viver no exterior.

Mas agora… Carolina descobria que os "irmãos" mantinham, em segredo, uma relação proibida. E ainda tinham se casado oficialmente.

Então… A verdadeira culpada pelo acidente de carro dois anos atrás era Larissa?

O que Carolina nunca imaginou era que Leonardo teria a audácia de levá-la para casa.

Com expressão tranquila, ele anunciou:

— Carol, minha irmã voltou para o Brasil. Vai ficar conosco por um tempo.

As mãos de Carolina se fecharam com força, as unhas cravando fundo na própria pele.

Ela ainda se lembrava da primeira vez que Leonardo a trouxera ali, enlaçando-a e dizendo com firmeza:

"Carol, esta será a nossa casa. Só nossa."

No começo, Carolina acreditava que ali seria para sempre o lar dela e de Leonardo.

Por isso, dedicara-se de corpo e alma: cada detalhe da decoração carregava sua marca, cada móvel fora escolhido com cuidado.

E agora, Leonardo trazia outra mulher para dentro daquela casa com as próprias mãos.

— Boa noite, Srta. Carolina. — Larissa sorriu, mas em seus olhos havia um brilho quase imperceptível de escárnio e provocação.

Cinco anos atrás, ela a chamava de cunhada. Agora, era apenas Srta. Carolina.

Leonardo lançou um olhar a Larissa, carregado de advertência, mas havia também algo de condescendência, quase ternura.

Carolina pensou, amarga: "Ele sabe mesmo como pisar na minha dignidade."

Se não tivesse descoberto a verdade, talvez estivesse ali, ingênua, recebendo Larissa com toda a cortesia de uma cunhada. Ridícula, aos olhos deles.

— Irmão, a Srta. Carolina não parece feliz com a minha presença, não é? — Disse Larissa, fitando Leonardo com olhos marejados, a voz trêmula de falsa inocência. — Eu não queria atrapalhar. Talvez seja melhor eu ficar num hotel. Não me importo em estar sozinha…

Imediatamente, Leonardo franziu a testa e voltou-se para Carolina, prestes a falar algo.

Mas ela se adiantou.

— Não tem problema.

As palavras dele morreram na garganta.

— Srta. Larissa, fique o tempo que quiser. — Completou Carolina, serena, antes de se virar e seguir para o quarto.

Larissa ainda a via como inimiga.

Mas não sabia que, para Carolina, aquela casa e até Leonardo já não tinham importância.

Se havia de fato uma inimizade, era apenas por causa do acidente. Mas Carolina não pretendia revelar nada antes da hora.

Larissa, porém, não escondia o incômodo.

Esperava uma cena de ciúmes, um escândalo… Mas aquela calma inesperada a desarmava.

"Hmpf… Não importa. Quando ela descobrir que não passa de uma esposa de fachada, quero ver se vai continuar tão tranquila."

Leonardo também se sentia estranho. Seguiu-a até o quarto e perguntou:

— Carol, você realmente não ficou chateada?

Ele sabia que Carolina nunca lhe faria escândalos, mas sempre imaginara que, pelo menos, ficaria um pouco contrariada. Afinal, ele havia prometido que jamais traria alguém para casa sem o consentimento dela.

— Não. — Respondeu ela, de costas, com voz fria.

— Eu sabia… Minha Carol é sempre tão compreensiva. — Disse ele, abraçando-a por trás. Seu hálito quente fez o corpo dela enrijecer, mas Leonardo não percebeu. — Carol, a Lari é minha irmã, então também é sua irmã. Além disso, estou planejando uma parceria com a família Queiroz, de Cidade A. Lari tem boas relações com eles…

— O que você disse? — Carolina o interrompeu, a voz afiada. — Larissa… Com a família Queiroz da Cidade A?

— Sim. Durante o tempo que viveu no exterior, ela se aproximou deles. A matriarca Queiroz tem muito carinho por ela.

Carolina riu de repente.

Leonardo, confuso diante daquele sorriso, ainda tentou explicar:

— Você sabe que a família Queiroz de Cidade A é uma das quatro mais poderosas do país. Com a ajuda de Lari, minha negociação será muito mais fácil.

— Que ótimo. — Disse Carolina, sorrindo com ironia. — Então, parabéns antecipados ao Sr. Leonardo… Por realizar seu grande desejo.