Abortei o Filho Que Assistiu Minha Morte na Vida Passada
Pouco antes do casamento, descobri que estava grávida de dois meses.
Meu noivo, Diogo Bragança, com o hálito de quem havia bebido, pousou a mão na minha barriga, murmurou em tom de brincadeira:
— Francisca, acho que ainda não estou pronto pra ser pai. Vamos... deixar esse bebê pra depois?
Respondi com o coração vazio:
— Tudo bem.
Na vida passada, insisti em ter esse filho.
Na mesma época, Antonella Coutinho sofreu um aborto e perdeu a chance de engravidar.
Diogo me culpou por isso e, depois do casamento, foi frio comigo até o fim.
O filho que carreguei com dor e quase à custa da minha vida, Lenor Bragança, mais tarde passou a chamar Antonella de “mamãe” aos gritos.
No dia em que sofri um acidente e perdi muito sangue, pai e filho passaram por mim sem sequer olhar para trás.
Eles tinham pressa. Antonella estava em trabalho de parto.
Lá em cima, eu morria, esvaída em sangue.
Lá embaixo, eles comemoravam o nascimento de uma nova vida, balançando bastões de luz.
Desta vez, não vou mais me abandonar por ninguém.
Disquei para o diretor do instituto:
— Quero me juntar à expedição na Antártida.