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Capítulo 2

Autor: Mariana Paiva
De relance, vi Marco passar o dedo carinhosamente no nariz de Rita, com uma voz gentil:

— Sua bobinha, da próxima vez não corra tão rápido. E se você se machucasse?

Rita segurou a mão dele, com um sorriso radiante nos olhos:

— Entendi, Sr. Menezes. Você é tão bom para mim.

Sim, ele era muito bom para ela.

O vinho que eu havia bebido tardiamente arranhou minha garganta, fazendo meus olhos arderem.

Não importa.

Disse a mim mesma.

Faltam apenas dois.

Após a festa, abri naturalmente a porta do passageiro para entrar no carro.

Assim que toquei na maçaneta, ouvi o clique da trava sendo acionada.

Marco baixou a janela e me olhou com frieza:

— Pegue um táxi. Acabei de lavar o carro, e você está com um cheiro horrível de álcool.

Ele parecia ter esquecido de onde vinha o cheiro de álcool em mim, e o desprezo em seus olhos brilhava mais que as luzes da rua.

Normalmente, eu já estaria bebendo água apressadamente, chorando e tentando me explicar: Só um pouco de vinho, o cheiro não é forte.

Ou teria um colapso em plena rua, perguntando com os olhos vermelhos: por que você me fez pedir desculpas por Rita?

Mas desta vez, eu apenas sorri e assenti:

— Tudo bem, dirija com cuidado.

Marco afrouxou a mão no volante e olhou para mim instintivamente:

— Sylvia, você...

Antes que ele pudesse terminar, Rita me empurrou com um sorriso.

— Sr. Menezes, já estou pronta. Vamos.

Ela vestia o paletó de Marco, e as manchas de bebida em seu vestido exalavam um forte cheiro de álcool.

Provavelmente de quando ela derrubou a torre de champanhe.

Mas Marco não demonstrou nenhum incômodo. Ele não apenas abriu a porta do carro para ela, como também ajeitou cuidadosamente o paletó em seus ombros:

— Está frio lá fora, não pegue um resfriado.

Depois de fazer tudo isso, ele se lembrou de olhar para mim, com um vislumbre de culpa no olhar:

— Não me entenda mal. É que Rita é uma garota, e tão jovem, por isso cuido um pouco mais dela.

Eu assenti:

— Eu entendo.

Com medo de que ele não acreditasse, acrescentei:

— Você não usou um cupom de perdão? Eu não vou ficar brava.

Marco hesitou, querendo dizer mais alguma coisa.

Rita espirrou, atraindo sua atenção novamente.

— Volte para casa logo.

Depois de dizer isso, os dois partiram.

Observei o carro se afastar até desaparecer e não pude evitar um arrepio.

Ao chegar em casa, peguei no armário o cofrinho onde guardava os cupons de perdão.

Os bilhetes que antes estavam ao alcance da mão, agora tive que procurar por um bom tempo até finalmente conseguir tirar um.

Rasguei o 97º cupom de perdão, abri o computador e comecei a redigir o acordo de divórcio com Marco.

Para garantir a justiça, liguei para meu orientador da faculdade:

— Professor, se eu me divorciar de Marco, como a divisão de bens deveria ser feita da melhor forma?

Meu orientador ficou surpreso com minha ideia.

— Divórcio? Por quê?

— A faculdade inteira sabe que, para te conquistar, ele te pediu em casamento 99 vezes. Até hoje, é uma história famosa na universidade. Como chegaram ao divórcio?

Sim, como chegamos a este ponto?

Acho que começou com o cheiro de perfume em suas roupas, que se tornava mais forte a cada dia.

Com as noites cada vez mais frequentes em que ele não voltava para casa.

Com os cupons de perdão no cofrinho sendo consumidos um a um por causa de Rita.

Eu sabia que não havia mais volta.

Vendo meu silêncio, meu orientador não insistiu mais, apenas perguntou:

— Deixe que eu escreva o acordo de divórcio para você. Para quando precisa?

Olhei para o cofrinho e disse com uma voz suave:

— Quando Marco usar suas duas últimas chances.

Nesse momento, a porta do quarto se abriu.

— Que chances?

Marco entrou com uma sacola de papel na mão, a voz cheia de curiosidade.
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Último capítulo

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