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Capítulo 4

Autor: Lorena Neves
O Imperador estava para chegar, e Íris teve que deixar Flora colocar aqueles acessórios de volta na cabeça, mas as mãos de Flora tremiam, provavelmente por medo da chegada iminente do Imperador.

Suas mãos trêmulas inevitavelmente causaram erros.

Ao arrancar o terceiro fio de cabelo dela por acidente, Íris perdeu a paciência e disse com frieza:

— Saia, eu mesma faço isso.

Ela era versada em técnicas de disfarce, e entre elas, dominar diferentes estilos de penteado era essencial. Com poucos movimentos, ela refez o coque com perfeição.

Flora, chocada, exclamou:

— Senhora, suas mãos são maravilhosas!

Mas quando estavam prontas para receber o Imperador, chegou outro recado dos criados do lado de fora:

— Imperatriz, a Consorte Imperial teve uma crise de enxaqueca, então o Imperador foi ao Palácio Calistela.

Flora abriu a boca, indignada, mas sem coragem de protestar.

"A Consorte Imperial com certeza está fingindo. Justamente nesse momento, uma crise de enxaqueca? Que pontualidade milagrosa. É óbvio que esperou o Imperador voltar para chamá-lo até lá."

Ao ouvir "Consorte Imperial", Íris pensou imediatamente em sua irmã, Leona.

Leona foi morta pela crueldade dessa mulher. Aquela dívida precisava ser cobrada.

Mas como dizia o ditado, para vencer o inimigo, é preciso conhecê-lo.

A Consorte Imperial tinha o mimo total do Imperador, e certamente estava cercada por guardas poderosos. Íris não podia agir de forma precipitada.

...

No Palácio da Longevidade, a Imperatriz-Mãe girava o rosário em suas mãos, tentando conter a raiva.

Ela interrogou os criados:

— No dia do casamento, o Imperador mandou o Príncipe Roy substituí-lo na cerimônia? Ninguém soube disso com antecedência?

Todos baixaram a cabeça, murmurando em resposta:

— Não sabíamos, Imperatriz-Mãe.

O Imperador sempre agia por conta própria, nem a Imperatriz-Mãe podia detê-lo. O mundo todo pensaria que ela falhou como mãe.

Com semblante triste, ela lamentou:

— Não sou mãe de sangue dele, mas me esforcei para criá-lo com dedicação. E agora ele age como se eu fosse sua inimiga...

Os criados, com pena, tomaram o lado dela, condenando a atitude do Imperador como impiedosa.

E então, mais más notícias chegaram:

— Imperatriz-Mãe, o Imperador voltou ao palácio... Mas foi direto ao Palácio Calistela.

— Absurdo! — Ela bateu na mesa, furiosa.

"Aquela maldita da Felícia, como é que ousa causar problemas justamente hoje! E aquela Leona, sendo a primogênita da família Castelo, como pode não ter nenhuma astúcia? Ela vai ficar de braços cruzados enquanto pisam na cabeça dela? Eu esperava que a Imperatriz fosse capaz de conter Felícia, mas parece que também é uma mulher inútil."

E não era só a Imperatriz-Mãe que pensava assim.

Algumas concubinas do harém imperial estavam reunidas e comentavam:

— Ela não consegue segurar o Imperador nem na noite de núpcias... Pelo jeito, diante da Consorte Imperial, é derrota certa da Imperatriz.

— A Imperatriz também é uma alma sofredora... Amanhã, prepare meu leque de jade, quero presentear a Imperatriz. — Disse uma mulher de vestido verde.

Sua serva assentiu.

Outra lamentou:

— A Consorte Imperial se parece com a falecida Concubina Imperial Adelina, claro que é favorecida. Se a Imperatriz for esperta, vai ceder aos caprichos do Imperador em vez de confrontar...

Mas logo chegou um criado, trazendo uma nova notícia:

— A Imperatriz foi ao Palácio Calistela!

Todas trocaram olhares e balançaram a cabeça, exclamando:

— Isso não é sensato de se fazer.

— É um grande erro! Agir tão impulsivamente só vai fazer o Imperador se irritar.

— Se houver confronto, o Imperador com certeza vai escolher proteger a Consorte Imperial. Por que a Imperatriz insiste em se sujeitar a uma situação dessas?

Elas esperavam que a nova Imperatriz fosse sensata como as antigas imperatrizes da família Castelo, alguém que pacificasse o harém imperial e unisse as concubinas ao serviço do Imperador.

Agora, parecia que não poderiam contar com ela.

A Consorte Imperial ainda não tinha nem mostrado seu verdadeiro poder, e a Imperatriz já estava demonstrando fraqueza.

...

Diante do Palácio Calistela, Íris estava vestida com trajes nupciais e a coroa de fênix, o que representava sua posição nobre.

Mas para os criados, uma Imperatriz que foi abandonada pelo Imperador em sua noite de núpcias em prol de uma Consorte Imperial era apenas motivo de escárnio. Ser largada sozinha no quarto nupcial já era vergonhoso, como ela teve coragem de ir até o palácio?

Os guardas nem a deixaram falar, avisando:

— Imperatriz, o Imperador ordenou que não deveria ser perturbado, o Médico Imperial está cuidando da Consorte Imperial. Desculpe, mas não podemos anunciar a sua chegada.

A dama do palácio que a acompanhava também a alertou:

— Imperatriz, é inútil. No harém, tudo gira em torno da Consorte Imperial. Numa hora dessas, o Imperador não vai lhe dar atenção de jeito ne...

Sob a luz da lua, o padrão floral vermelho na testa de Íris reluzia com encanto feroz.

Ela interrompeu com calma:

— Quem disse que vim ver o Imperador?

Todos ficaram em silêncio.

"Então o que veio fazer? Ver a paisagem? Ou contemplar o romance alheio?"

Íris lançou um olhar para Flora, que entregou uma caixa de madeira aos guardas.

— Ouvi dizer que a Consorte Imperial sofre de enxaquecas. Este remédio veio do meu irmão, ele conseguiu isso nas fronteiras, é bem eficaz para enxaquecas. A Consorte Imperial pode experimentar.

Os guardas se entreolharam.

"Ela só veio trazer remédio? Parece generosa demais... Mas com certeza é puro fingimento."

Logo, um Médico Imperial saiu. Ele analisou o remédio e ficou admirado, exclamando:

— É um medicamento raríssimo!

Ele retornou para dentro, e, um tempo depois, um eunuco transmitiu a resposta do Imperador:

— A Consorte Imperial está melhor. Imperatriz, o Imperador agradece sua consideração e pediu para que volte e se prepare para a noite.

O eunuco achou que a Imperatriz ficaria surpresa e muito feliz ao ouvir essas palavras.

Mas a Íris não demonstrou um traço de alegria sequer.

Para ela, aquele Imperador provavelmente era um homem feio e gordo, com a cara tão esburacada e grande quanto um pão sírio.

"Se preparar para a noite" soava como um favor do Imperador para ela. Mas, ela não achava que era.
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