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Capítulo 5

Author: Anônimo
A palavra "amor" saindo da boca dele fez meu estômago revirar de nojo.

— E se eu não quiser? — Perguntei, olhando diretamente para ele.

O homem à minha frente não hesitou nem por um segundo ao decidir que deveríamos nos livrar do meu filho. De repente, comecei a pensar que talvez perder a capacidade de ter filhos fosse uma sorte. Pelo menos, assim, meus filhos nunca nasceriam em uma família tão miserável.

— Amor...

— Estou brincando. — Interrompi Bernardo antes que ele pudesse continuar. Sorri e me joguei em seu peito, como se nada tivesse acontecido. — O médico já disse que eu não posso engravidar. Obrigada, querido, por estar comigo todos esses anos.

E também por tudo o que você fez comigo. Mas essa última frase ficou presa na minha garganta, sem ser dita.

O fim de semana chegou rápido. Bernardo acordou cedo. Ele deixou um beijo suave no meu rosto antes de preparar o café da manhã com a maior rapidez possível. Depois, voltou para o quarto e falou baixinho:

— Valentina, vou levar os pais para sair. Fique em casa e tome cuidado. Se precisar de algo, me avise, tá bom?

Assenti com um murmúrio, enquanto lágrimas silenciosas escorriam pelo meu rosto. Peguei meu celular e o liguei.

Melissa estava lá embaixo. Antes mesmo de Bernardo sair da cama, eu já havia recebido uma foto.

Melissa, sentada no carro, mandou uma mensagem cheia de escárnio:

[Valentina, e daí que você se casou com ele e virou a esposa? Quem está tendo um filho dele sou eu. Você não é ingênua a ponto de achar que eles realmente foram à casa de campo para me homenagear, né? Não se iluda. Eu estive morando lá todos esses anos. Hoje é apenas o dia da minha consulta pré-natal.]

[Eu só mencionei casualmente que queria a família inteira comigo no exame, e meus pais e Bernardo concordaram sem pensar duas vezes.]

[Assim como há seis anos, quando eu derramei algumas lágrimas falsas, os pais sacrificaram você para proteger a minha reputação. Sua vida é realmente patética.]

Junto com a mensagem, ela me enviou uma série de fotos. Durante esses seis anos, Bernardo sempre achava tempo para viajar com Melissa. Às vezes, eles até levavam meus pais. Era uma família perfeita, viajando e se divertindo juntos, enquanto eu, a grande idiota, me alegrava com os pequenos objetos que Bernardo trazia de volta, achando que eram presentes para mim.

Um vazio desesperador tomou conta do meu coração. Fechei a conversa e imediatamente comprei uma passagem de avião para o dia seguinte.

Com o temperamento de Melissa, eu sabia que ela não deixaria ninguém voltar naquela noite. Esse era o tempo perfeito para eu desaparecer de vez.

Ao meio-dia, mal toquei na comida. Passei a tarde reunindo provas. Era irônico, mas eu devia agradecer a Melissa. Se não fosse pela sua impaciência, eu não teria tantas evidências em mãos.

Era como se alguém tivesse me dado um travesseiro exatamente quando eu estava com sono. Com esses documentos, não só poderia garantir que Bernardo saísse de mãos vazias, como também teria a chance de expor a verdadeira face de todos eles antes de ir embora.

Quando terminei tudo, já passava das dez da noite. Como esperava, Bernardo não tinha planos de voltar para casa. Ele me ligou por vídeo, mas o fundo estava tão desfocado que eu não conseguia ver nada com clareza. Ainda assim, podia sentir que Melissa estava ao lado dele.

Mesmo assim, não o confrontei. Apenas sorri para a câmera, garantindo que cuidaria bem de mim mesma.

Na manhã seguinte, acordei cedo. A casa estava cheia de gente. Era a equipe de reforma que eu havia contratado. Tudo o que não podia levar comigo, pedi para que desmontassem.

Quanto aos pequenos objetos que Bernardo me deu, descobri no Instagram da Melissa que ela tinha os mesmos. A única diferença era que os dela eram autênticos, enquanto os meus eram brindes. Coisas que ninguém mais queria, eu também não queria.

Duas horas depois, a equipe de reforma saiu com tudo o que desmontaram. Peguei as fotos dos últimos anos, aquelas que mostravam a "família perfeita", e as joguei no chão.

Com um isqueiro, comecei a queimá-las uma a uma. Quando as chamas subiram, o alarme de incêndio da casa disparou, emitindo um som agudo e irritante.

Peguei minha mala e saí pela porta da frente, sem olhar para trás.

A fumaça e o alarme seriam o último presente que eu deixaria para Bernardo. Quando ele voltasse correndo para casa, eu já estaria longe dessa cidade.
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