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Capítulo 7

Author: Moky
Teodoro, por um instante, olhou para Mariana com certa incredulidade. Instintivamente, quis acusá-la de estar mentindo, mas ao ver sua mãe sentada ao lado, de olhos baixos, sem intenção de dizer nada, ele já teve sua resposta.

"Mas... Como pode ser possível? Desde pequeno, o pai sempre gostou mais da Mari! Como poderia ter permitido que ela mudasse de sobrenome?"

Uma sensação de algo rasgando seu coração fez Teodoro perder novamente o fôlego, e ele se sentiu tomado por uma irritação desmedida. Ele olhou ao redor, para todos no salão, e não suportou a visão de nenhum deles. Assim, se levantou e saiu sacudindo as mangas da túnica.

Sua saída deixou Kato em certa situação constrangedora. Ele avançou e fez uma reverência:

— Kato saúda a matriarca Lovante.

Com ele, Cássia foi afável. O jovem general, célebre por coragem e astúcia, sempre elegante e cortês, era naturalmente querido pelos mais velhos. Cássia se apressou em acenar para ele, chamando:

— General Kato, venha se sentar! Ontem mesmo você trouxe tantos remédios preciosos, eu é que deveria ter ido pessoalmente te agradecer.

Kato tomou lugar de frente para Amanda e sorriu cordialmente para Cássia, falando:

— Meus pais ainda são fortes e não precisam desses tônicos. O ginseng e a galhada de veado concedidos pelo Imperador são mais adequados para fortalecer a saúde da senhora.

Cássia abriu um grande sorriso, dizendo toda feliz:

— Que menino atencioso! Hoje você veio na melhor hora, a Natália estava justamente falando comigo sobre acertar logo seu noivado. Faz, assim, quando chegar em casa hoje, pergunte a seus pais quando estarão disponíveis, assim as duas famílias podem se sentar e discutir com calma.

Ouvindo isso, Kato lançou um rápido olhar para Amanda. Sentindo o peso desse olhar, Amanda abaixou ainda mais a cabeça, o rosto ruborizado. Natália riu:

— Veja só esta menina, toda envergonhada! — Ela se voltou para Kato. — Vocês já não são tão jovens, está na hora de oficializar esse casamento.

Kato assentiu, parecendo concordar. Porém, de repente, olhou para Mariana e questionou:

— E a Srta. Mariana, o que acha?

Mariana estacou, confusa, olhando para ele com estranheza. "O que isso tem a ver comigo?"

Não só Mariana, mas também Natália e Amanda ficaram surpresas. Amanda olhou para Kato, depois para Mariana, e de repente percebeu que, mesmo quando Kato falava com Cássia, seus olhos repousavam sobre Mariana.

Seus olhos marejaram imediatamente. "Será que a verdadeira amada de Kato é a Mariana? Mas ele é o meu noivo!"

Natália percebeu logo o desconforto da filha, mas como Kato era agora o favorito do Imperador, nem ela ousava falar asperamente com ele. Forçando um tom ameno, ela perguntou:

— Kato, seu noivado é com Mandinha, por que perguntar a Mari?

Mariana se fazia a mesma pergunta: "Pois é, por que perguntar a mim?"

Kato, sempre sereno e educado, respondeu:

— Sra. Natália, não me entenda mal, apenas pensei que, como a Srta. Mariana ainda consta como uma jovem herdeira Lovante, e a Mandinha a chama de irmã, pela ordem natural, seria adequado que ela se casasse primeiro.

Essas palavras... Até que faziam sentido. Em famílias de tradições rígidas, a filha mais velha deveria se casar antes das mais novas.

Porém, a Casa do Marquês Lovante nunca seguiu tais regras, e os Mendes tampouco eram tão rigorosos. Claramente, Kato apenas queria apressar o casamento de Mariana.

"Ele estaria com medo de que eu voltasse a persegui-lo como no passado?"

Mariana achou graça em silêncio, mas apenas curvou os lábios com leveza, falando:

— Se for como o General Kato diz, então o Sr. Teodoro é quem deveria se casar primeiro.

Afinal, Teodoro era seu "irmão mais velho".

Mas o casamento dele ainda nem se esboçou. Se fosse esperar que ele se casasse, para depois ela se casar, e só então Amanda e Kato se casarem, poderia levar uns dois anos. Ele não tinha pressa, mas os pais do Kato já aguardavam netos!

Kato, no entanto, como se não percebesse a ironia, respondeu com seriedade:

— Realmente, é assim que deveria ser.

Ao ouvir isso, Amanda o encarou em silêncio, com os olhos vermelhos. Seu olhar parecia perguntar: "Por quê? Eu já não sou mais tão jovem. Você pode esperar... Mas eu, como vou esperar?"

Até Natália ficou sem palavras diante dessa justificativa, e o assunto morreu ali.

Depois de algumas conversas banais, Cássia alegou cansaço e pediu que Mariana a ajudasse a voltar para o quarto. Natália, então, se retirou com a Amanda e o Kato.

Pouco depois de sair do pátio de Cássia, Kato ouviu uma voz suave atrás de si:

— Kato.

Por um instante, pensou que fosse Mariana. Mas a voz era delicada demais, sem o tom afiado dela. Ele suspirou discretamente antes de se virar. Após lançar um olhar para Natália, que se afastava ao longe, ele se voltou para Amanda e perguntou:

— O que foi?

Sua voz grave e magnética sempre transparecia um toque carinhoso. Amanda tinha a impressão de que Kato falava consigo com uma ternura diferente, enquanto com os outros mantinha apenas cortesia e distância. Sempre acreditara que, para ele, ela fosse especial.

Mas hoje, pela primeira vez, sentiu frieza naquela suavidade.

Ao pensar que talvez, por tantos anos, tivesse sido apenas ilusão sua, os olhos de Amanda se encheram de lágrimas. Como uma pequena coelha ferida, ela abaixou a cabeça, mordendo os lábios, as mãos retorcidas na barra da roupa. Finalmente, ela reuniu coragem e perguntou:

— Kato, você... Não quer se casar comigo, não é?

Kato não esperava a pergunta. Ele ficou surpreso por um momento, mas logo sorriu com leveza, perguntando:

— Como pode pensar isso?

— Você... Agora há pouco...

Amanda não conseguiu terminar de falar. Dizer mais a faria parecer desesperada para se casar. Ela era uma mulher, deveria ser mais recatada.

Kato entendeu o que ela queria dizer, mas se limitou a responder:

— Não pense demais. Nosso noivado foi decidido pelos mais velhos, isso não vai mudar. — E acrescentou com um leve sorriso. — Daqui a alguns dias volto para te ver.

E então, ele partiu.

Amanda ficou imóvel, observando as costas dele se afastando. Suas últimas palavras soaram como um alívio. Mas...

Ele não respondeu à sua pergunta.

Enquanto isso, no templo ancestral dos Lovante, Teodoro permanecia de joelhos diante do livro genealógico da família, já todo amassado pelo manuseio intenso.

As palavras de Mariana, antes, ele não quis acreditar. Como o pai poderia ter sido tão cruel a ponto de obrigá-la a mudar de nome? Mas, depois de folhear aquele livro dezenas de vezes, não encontrou o nome de Mariana.

Ele não entendia. "Foi apenas por ela ter quebrado um vaso de vidro? Para isso era necessário apagar ela da genealogia? Era apenas um vaso! Mesmo sem constar no livro, todos sabem que Mariana cresceu na família Lovante. Ainda que não seja de sangue, criamos a Mariana por quinze anos! Como quinze anos de afeto poderiam ser superados por um vaso? Não é de admirar que, depois de três anos, Mariana não tenha demonstrado nenhuma alegria ao me ver. Não é de admirar que se recuse a chamá-la de mãe, e também a me chamar de irmão!"

Teodoro respirou fundo. Por um instante, pareceu compreender Mariana.

Mas logo a raiva dentro dele reacendeu. Afinal, aquela genealogia eram só algumas folhas de papel. Mesmo que o nome dela não estivesse lá, isso não apagava os quinze anos de carinho. Até um cachorro, sendo bem tratado por quinze anos, abanaria o rabo para eles. Mas ela?

"No fim, ela é apenas rancorosa demais! Já trouxemos ela de volta, e a mãe garantiu que tudo seria como antes. Por que não podemos conviver em paz como antigamente? Por que ela faz questão de estragar as relações?"

Ao se lembrar da expressão fria e distante dela, Teodoro ficou ainda mais frustrado. "Talvez seja a hora de fazer ela aprender uma lição."
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