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Casei com Ele. Dividi com Ela.
Casei com Ele. Dividi com Ela.
Author: Lua de Junho

capítulo 1

Author: Lua de Junho
Desde então, parei de pedir que ele tomasse cuidado. E, no fundo, parei de precisar dele também.

Só quando ele me deixava de novo por causa da amiga de infância, eu o segurava pelo braço e perguntava:

— Se você for atrás dela, posso usar um cartão de perdão?

Nicolas hesitava por um instante, lançava um olhar cansado na minha direção.

— Se quiser usar, usa. Tem tantos.

Assenti devagar, observando suas costas sumirem no corredor.

Ele ainda achava que os cartões de perdão eram infinitos.

Mas o que ele não sabia era que só restavam dois.

...

Hoje era o dia do banquete oferecido pelo nosso maior parceiro comercial.

Também era o sétimo dia desde que eu fiz a cirurgia da gravidez ectópica.

Valentina Martins, a amiga de infância do Nicolas, derrubou o bolo bem na roupa do Sr. Enzo, o representante do nosso parceiro comercial.

E a primeira reação do Nicolas foi perguntar se ela estava bem.

Depois, olhou pra mim.

— Olívia, vá pedir desculpas ao Sr. Enzo.

Fiquei chocada, sem conseguir acreditar no que ouvia.

Enzo limpava o bolo da roupa, com o rosto tomado pela raiva.

— Então é assim que a sua empresa lida com responsabilidade? — Disparou ele. — Quem devia pedir desculpas simplesmente se esconde?

Valentina, com os olhos marejados, se encostou no peito do Nicolas como se tivesse sido ela a atingida.

Ele a envolveu nos braços, sério, e mirou direto em mim.

— Vai pedir desculpas agora mesmo! Tá esperando o quê? Ofereça um brinde ao Sr. Enzo. Seja como for, a gente não pode correr o risco de perder esse contrato! — Ordenou.

Ele não lembrava que eu ainda não tinha me recuperado da gravidez ectópica, que não podia de jeito nenhum beber álcool. Ou talvez só não se importasse.

Valentina me lançou um olhar vitorioso, carregado de provocação.

Ela sabia. Sabia que o Nicolas ia me colocar na linha de frente. Sabia que ele ia proteger ela, como sempre. Que nunca deixaria ela se machucar.

Eu não queria pagar pelos erros dela. Mas então Nicolas se aproximou do meu ouvido e sussurrou:

— Uma carta de perdão.

Na época, ele me pediu em casamento com sessenta e seis viagens. Cada uma planejada por ele, cada uma com seu carinho exclusivo.

Na sexagésima sétima, com minha família e meus amigos ali, assistindo, eu finalmente disse sim.

E foi ali que ele prometeu:

— Olívia, você é a pessoa que eu mais amo nesse mundo! Se algum dia eu te trair, que o céu...

Nem deixei ele terminar. Tampei sua boca com a mão, emocionada demais pra deixar ele seguir.

Ele jurando de joelhos... foi impossível resistir. E eu aceitei.

Eu quis retribuir os sessenta e seis pedidos de casamento, então pedi para uma amiga desenhar sessenta e seis cartas de perdão.

Disse pra ele: se um dia essas cartas acabarem, eu vou embora.

Durante os cinco primeiros anos de casamento, Nicolas mantinha as cartas trancadas a sete chaves, com medo de que, num momento de raiva, eu usasse uma delas à toa.

Mas bastou a Valentina voltar do exterior e, em menos de um ano, ele gastou sessenta e três.

Dessa vez, ele usava a sexagésima quarta.

Meu corpo curvado tremia levemente, e mesmo com a dor no abdômen, forcei um sorriso e olhei para o Enzo.

— Sr. Enzo, me desculpe mesmo pelo que aconteceu.

Ele me lançou um olhar cansado e apenas balançou a cabeça, sem me culpar de verdade.

Enquanto eu me curvava, vi Nicolas com todo o cuidado ajeitando os cabelos da Valentina.

— Da próxima vez, presta atenção por onde anda. Se tropeçar na mesa, pode acabar se machucando.

— Tá bom, tá. Você continua igualzinho ao que era antes.

Antes?

A dor no corte da cirurgia se espalhou, latejando forte, a ponto de me deixar pálida.

Aguenta só mais um pouco.

Ele só tem mais duas chances.

...

Depois do evento, fui atrás do Nicolas querendo apenas voltar logo pra casa.

Mas ele estava com Valentina ao lado, os dois parecendo um casal perfeito.

Nicolas se virou pra mim com o rosto frio e falou devagar:

— Vai embora sozinha. A Valentina torceu o pé, preciso levar ela pra ver isso.

Ele parecia ter esquecido que eu ainda estava me recuperando. E olhava pra ela com uma preocupação que ele não dirigia a mim há muito tempo.

Antes, talvez eu tivesse explicado que também estava com dor. Talvez pedisse pra ele me levar junto pro hospital. Chorasse, perguntando por que, mesmo quando não era minha culpa, eu era sempre a que precisava me desculpar.

Mas agora, só assenti com a cabeça.

— Tudo bem.

Nicolas soltou o ar num suspiro e sua expressão mudou um pouco.

— Se cuida, Olívia.
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