Flores Murcham sob a Lua, Espinhos Florescem na Escuridão

A voz de Henrique, levemente rouca, soou do outro lado da linha:

— Letícia Barbosa, que tipo de absurdo você está dizendo?

Eu soltei uma leve risada, carregada de sarcasmo:

— O senhor viu as notícias, não é? Pois bem, eu acho que o seu querido filho é imundo. Estou falando sério, quero trocar de noivo.

Do outro lado, Henrique permaneceu em silêncio por alguns segundos. Quando ele voltou a falar, sua voz tremia ligeiramente:

— Isso não é algo que possa ser resolvido em algumas palavras. Vou até aí para conversarmos pessoalmente.

— Tudo bem, estarei em casa esperando pelo senhor. — Eu respondi.

Curvei os lábios em um sorriso e deixei uma centelha de determinação brilhar nos meus olhos.

Henrique, apesar de estar pouco acima dos trinta anos, tinha lidado com a sombra de uma doença genética herdada pela família, que o impedia de ter filhos. Ele havia tentado inúmeras vezes a fertilização in vitro, mas sem sucesso.

Sem outra escolha, Henrique precisou recorrer à adoção intrafamiliar. O herdeiro escolhido vinha de um ramo secundário da família Monteiro: Thiago.

Já a família Barbosa tinha um trunfo único que justificava a aliança estratégica com os Monteiro: a lendária "fertilidade invejável" das mulheres da linhagem dos Barbosa. Diziam que as mulheres com o sangue Barbosa, em período fértil, conseguiam engravidar com uma única relação, e frequentemente geravam múltiplos.

Independentemente da saúde do meu pai, essa aliança matrimonial era uma necessidade tácita para ambas as famílias, algo que jamais seria questionado.

O que eu não esperava era que Thiago, meu noivo há cinco anos, fosse estúpido o suficiente para arranjar um filho ilegítimo na véspera do nosso jantar de noivado. E, pior ainda, ele achava que eu aceitaria calada.

Mas eu, Letícia, nunca fui do tipo que engole desaforos e finge que nada aconteceu.

Pouco depois de eu desligar o telefone, a campainha tocou de forma insistente e apressada.

Henrique estava parado à porta, com os olhos carregados de emoções conflitantes. Ele abriu a boca para dizer algo, mas antes que ele pudesse completar uma frase, eu agarrei a gravata dele e o puxei para dentro do meu apartamento.

— Letícia, você...

Henrique tentou falar, mas eu interrompi suas palavras com um beijo, firme e decidido. Meus dedos deslizaram pelo colarinho de sua camisa, explorando a abertura e indo mais fundo conforme avançava.

Minhas ações falavam por mim, sem espaço para hesitação ou pudor. Eu estava deixando claro, de forma direta, que eu estava falando sério.

Eu senti a luta interna dentro dele, o conflito entre a razão e o desejo. Mas, no final, Henrique sucumbiu completamente às sensações e se perdeu na própria luxúria.

Quando chegamos ao clímax, ele me envolveu com seus braços, sua voz rouca e ainda carregada do momento:

— Tenho alguns assuntos no exterior que preciso resolver imediatamente. Amanhã devo viajar e posso demorar um tempo até voltar. Espere por mim.

— E o casamento? Como vai ficar?

Ele abaixou os olhos, lançando-me um olhar firme:

— Continua como planejado. Você é a única filha da família Barbosa e a mais adequada para ser minha futura Sra. Monteiro.

Após a saída de Henrique, eu pretendia dormir um pouco, mas não demorou muito para o celular no criado-mudo começar a vibrar incessantemente.