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Gêmeos do Silêncio: Minha Dor, Sua Indiferença

Gêmeos do Silêncio: Minha Dor, Sua Indiferença

By:  PeixinhaCompleted
Language: Portuguese
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Grávida de nove meses, vi a amada do meu marido se mudar para a nossa casa com uma desculpa qualquer. Ela fingia sofrimento sempre que me via, e ele me acusava de exibir a barriga só para provocá-la. — A Rafa já sofre demais! E você ainda exibe essa barriga enorme só pra machucar! Só vai aprender se eu te der uma lição. — Rosnou ele, com frieza. Sem hesitar, mandou me trancar no sótão e proibiu qualquer um de me trazer comida. Supliquei, dizendo que os gêmeos estavam grandes, que o médico havia pedido minha internação urgente, pois o parto podia acontecer a qualquer momento. Mas ele apenas riu como se eu estivesse contando alguma piada tola. — Ainda faltam três dias pro parto. Não inventa desculpa para escapar! Vai pro sótão pensar bem no que você fez! Isso é o mínimo, depois do que fez com a Rafa! — Ele insistiu, ignorando completamente a minha dor. No sótão escuro, gritei até minhas unhas se quebrarem na porta. No silêncio sufocante, as contrações rasgavam meu corpo, cada onda de dor parecia não ter fim. Coberta de sangue, exausta e ainda presa, percebi que meu filho não sobreviveria. Três dias depois, enquanto tentava tomar um mingau, meu marido, já incomodado, comentou com desprezo: — Manda a Joyce descer para me preparar o mingau, e depois vá pedir desculpas à Rafa. Se ela pedir de um jeito decente, pode até levar ela pro hospital na hora de parir. Mas ninguém respondeu, pois o sangue já escorria do sótão, degrau por degrau, inundando a casa num silêncio mais aterrador que qualquer grito.

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Chapter 1

Capítulo 0001

— Por que a Joyce, aquela ciumenta, parou de gritar? — Indagou Francisco, casualmente.

— Senhor... Será que ocorreu alguma coisa com a senhora? Ontem à noite, ela gritava de um jeito tão desesperador, parecia estar passando por uma dor horrível... — Respondeu o mordomo.

Francisco tomou uma colherada do mingau, soltando um resmungo indiferente, como se nem se importasse:

— Ninguém conhece a Joyce melhor do que eu. Isso tudo é só teatro! Dessa vez, ela vai aprender uma lição, assim para de mexer com a Rafa.

Inquieto, o mordomo lançou um olhar apreensivo na direção do sótão antes de falar, visivelmente hesitante:

— Mas, senhor, a senhora está esperando gêmeos... O médico recomendou internação o quanto antes, para aguardar o parto...

Por um instante, Francisco parou, a colher suspensa no ar, o rosto tomando um ar de leve desconforto.

— É mesmo? — Ele ficou girando a colher dentro da tigela, as sobrancelhas franzidas, com expressão de dúvida. — Tudo bem, diz para a Joyce vir aqui preparar outro mingau para mim. Depois disso, quero que peça desculpas para Rafa! Hoje é o dia previsto para o parto, se o pedido de desculpas for sincero, eu mesmo levo ela ao hospital.

Dizendo isso, Francisco aqueceu um copo de leite e foi até o quarto de hóspedes.

Na cama, Rafaela dormia profundamente, com aquela respiração calma que tomava todo o ambiente e trazia certa paz. O cobertor tinha escorregado, deixando à mostra parte dos seus seios e sugerindo, de um jeito sutil, o encanto do seu corpo.

Francisco não conseguiu evitar engolir em seco. Por alguns segundos, ele ficou apenas olhando Rafaela, até finalmente desviar o olhar à força. Aproximou-se devagar e pousou um beijo carinhoso em seus lábios.

Rafaela abriu os olhos devagar, se espreguiçando como um gato preguiçoso, fazendo bico e reclamando em tom de brincadeira:

— Chico, você me provocando de novo?

Ele ajeitou Rafaela em seu colo, seus dedos passeando suavemente pela cintura dela.

— Dormindo assim, como eu resisto?

Rafaela escondeu o rosto no peito de Francisco, soltando um gemido confortável.

— Mas a Joyce está esperando seu filho, com tanto sacrifício... Eu sou mulher também, não aguentaria ver você traindo ela num momento tão delicado da vida dela! — De repente, como se lembrasse de algo, Rafaela ficou aflita. — Ontem à noite, a Joyce gritava daquele jeito... Será que ela já começou o trabalho de parto? Sinceramente, mesmo ouvindo o sofrimento dela, eu admito que sinto inveja, sabe? Gerar um filho seu, sentir a dor do parto... Para mim, isso seria uma felicidade doce, mesmo doendo tanto.

Felicidade doce?

Naquele momento, eu não era mais do que um espírito vagando ao redor deles.

O chão do sótão estava todo tomado pelo vermelho do sangue, manchando cada canto daquele espaço.

Nas paredes, marcas profundas, deixadas pelas minhas unhas, que foram arrancando carne enquanto eu era consumida por uma dor indescritível, eram a única prova do meu desespero.
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