Um estrondo ensurdecedor.Rui levou a mão ao nariz e tombou para trás, sentindo a cabeça latejar, tonto.Antes que pudesse reagir, Marcos agarrou-o pela gola da camisa e desferiu vários socos violentos.Os dois pareciam querer liberar toda mágoa acumulada em seus corações, golpe após golpe, sem ceder.— Rui, Patrícia é minha noiva! Ela me escolheu, você deveria ter saído de cena, não ficar se insinuando para ela como se fosse um falso amigo!— Marcos, então você sabe que a Patrícia é sua noiva? Por que não cuida dela, por que não a trata direito? Assim que a Bárbara voltou, você já mudou de ideia. Eu queria mesmo te dar uma lição faz tempo.Recuí para um canto, observando a briga, até que ambos ficaram exaustos, um se apoiando na parede, outro no batente da porta.Rui limpou o sangue no nariz com um gesto brusco, respirando com dificuldade, e ergueu a cabeça para encarar Marcos.— Me diz, por que você nunca soube valorizar ela?Essas palavras soaram tanto como uma pergunta para Marcos
Depois que Soraia saiu, Marcos permaneceu na mesma posição, imóvel.O vídeo já tinha sido reproduzido incontáveis vezes, talvez os capangas temessem que Bárbara não pagasse o restante, então gravaram também o rosto e a voz dela na tela.Um feixe dourado de luz atravessou a janela, iluminando as costas de Marcos, fazendo com que seu rosto desaparecesse completamente na penumbra.De repente, uma silhueta apareceu na porta da mansão.Rui segurava um relatório nas mãos, o peito subindo e descendo de forma agitada.Ele olhou para Marcos, como se buscasse confirmação.— Aqui, Soraia trouxe a verdade sobre a morte de Patrícia, Marcos, a Patrícia ela...— Morreu.Depois de tanto tempo em silêncio, a voz de Marcos soou seca.Ele fixou os olhos no vídeo, sem piscar, e sorriu amargamente:— Ela realmente morreu, e a Bárbara realmente matou.— Rui, parece que todos nós estávamos errados.O objeto que Rui segurava caiu ao chão com o impacto das palavras – era o relatório falso de gravidez de Bárbar
Três dias depois, dois homens saíram pelo portão da delegacia.Marcos tinha o rosto sombrio, com olheiras arroxeadas sob os olhos.Rui também não estava em melhor estado. Ele descontou a raiva chutando uma pedra na calçada e disse friamente: — Precisamos encontrar Patrícia, senão a Bárbara corre um sério perigo.Marcos apenas assentiu, sem dar certeza, demonstrando muito mais calma do que Rui.— Eu vou procurar Patrícia, você tente arrumar um jeito de tirar a Bárbara sob fiança.Rui lançou-lhe um olhar furioso.— Como vamos conseguir fiança agora? Todos dizem que ela cometeu assassinato.Os olhos escuros de Marcos não mostravam emoção alguma, sua voz permaneceu inalterada: — Gravidez pode ser motivo para solicitar liberdade provisória.Rui entendeu de repente e imediatamente entrou no carro, dirigindo-se ao hospital.Eu observei o rosto inexpressivo de Marcos e, pela primeira vez, senti medo.Para salvar Bárbara, ele até pensou em usar a gravidez como recurso.Eu o segui mecanicamente.
O ambiente animado silenciou de repente diante daquele movimento inesperado.Marcos e Rui franziram as sobrancelhas e se colocaram à frente de Bárbara, protegendo-a.Ninguém percebeu o lampejo de pânico que passou rapidamente pelos olhos de Bárbara.Imagens confusas passaram pela minha mente, mas desapareceram tão depressa que não consegui capturá-las. Então vi, atrás dos policiais, uma mulher entrando, vestida com um vestido preto, uma pequena flor branca presa ao peito.Seus olhos estavam inchados e vermelhos, o rosto abatido.Levantei-me de súbito e fui até ela. Minha mão trêmula se levantou, querendo tocá-la.Mas minha mão atravessou seu corpo sem resistência.A mulher levantou o braço e apontou para Bárbara, sua voz rouca, mas firme.— Senhores policiais, é ela, Bárbara, a verdadeira assassina de Patrícia.Assim que as palavras foram ditas, o clima ao redor ficou tenso e pesado.Segundos depois, um burburinho se espalhou.— O que ela está dizendo? Patrícia morreu? E foi a Bárbara
O vídeo que estava passando era justamente do meu cadáver.O vestido branco, manchado de sangue, meu rosto marcado por dezenas de cortes, já não dava para reconhecer quem eu fora.Desviei o olhar, incapaz de suportar a cena, mas aquele vídeo já tinha sido visto por inúmeras pessoas.Os funcionários, contendo a raiva, falaram com dentes cerrados:— Esse é o vídeo sem censura, Sr. Torres. O senhor, como noivo da Sra. Menezes, deveria conhecê-la melhor do que ninguém. Agora vocês podem acreditar que a Sra. Menezes realmente já faleceu?A expressão de Marcos mudava constantemente. Ele desviou o olhar rapidamente, como se não suportasse ver.— O rosto está completamente destruído. Como vocês podem garantir que é mesmo a Patrícia? E esses ferimentos são tão falsos quanto possíveis. Acham que vou acreditar só por causa de um vídeo?— Além disso, Patrícia sempre foi tão cuidadosa com a própria vida. Se tivesse acontecido algo com ela, com certeza teria ligado pra mim primeiro. Até agora, não r
Eu havia esquecido como morri. Apenas me tornei uma alma e, ao ver o corpo que já não me pertencia, não tive coragem de olhar.Era triste demais, assustador demais.Senti como se tivesse caído em um oceano profundo, tudo ao redor era escuridão, sem saber onde iria parar.Com medo, encolhi-me toda, até que, de repente, fui puxada violentamente para cima....Rui dirigia o carro enquanto Marcos discava o meu número.Ambos tinham os rostos carregados de preocupação.Segundos depois, o telefone só dava sinal de ocupado.Marcos apertou os lábios, batendo, uma vez após a outra, na porta do carro.Rui lançou-lhe um olhar de lado.— E aí? Ela não atendeu?Marcos fechou os olhos, escondendo a frieza que brilhava no fundo deles.Rui pisou mais fundo no acelerador, e o carro arrancou com força.Ele falou, em tom ríspido: — Patrícia está mesmo levando essa encenação longe demais, né? Chegou ao ponto de arranjar até as cinzas dela. Daqui a pouco, vou averiguar se essas cinzas realmente pertencem a