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Capítulo 0006

Author: Ren
Seguindo a sugestão de Serena, Eloá contratou um professor particular.

A ideia parecia absurda, mas era, sem dúvida, a mais eficaz.

Acabou encontrando um estudante universitário de línguas com experiência no exterior. Tinha domínio da área, mas, devido a dificuldades financeiras da família, precisava urgentemente de dinheiro.

Eloá, por sua vez, mergulhou nos estudos com dedicação, seu progresso na conversação foi notável. Já podia se imaginar vivendo no exterior sem tropeços.

Durante aquele mês, concentrou-se exclusivamente no aprendizado. Fora Serena, não manteve contato com mais ninguém.

Aquele broche de diamante rosa também foi vendido, como ela esperava.

Matheo, o comprador, ofereceu o preço à vista e foi direto ao ponto, exatamente o tipo de negociação que Eloá respeitava.

No entanto, percebeu que ele não estava ali apenas pelo diamante. Por isso, decidiu não responder mais às mensagens dele.

Por outro lado, algo inédito aconteceu: Samuel passou a enviar várias mensagens.

Antes, era sempre ela quem escrevia, longos blocos de texto em verde, que jamais recebiam resposta.

Agora era ele quem cedia:

— Elô, eu errei naquele dia. Quando a Mirela melhorar, iria te procurar.

"Iria me procurar?"

Se quisesse mesmo, já teria vindo. Com todos os recursos que ele tinha, encontrar ela em Ravélis seria trivial.

No passado, uma mensagem dessas teria sido suficiente para fazê-la correr de volta.

Hoje, nem mesmo fazia o coração bater mais forte.

Samuel pensava que Eloá estava só fazendo birra. Não pretendia se humilhar para agradar ela. Afinal, na cabeça dele, ela jamais deixaria a família Albuquerque. Muito menos a ele.

A empresa também estava em um momento delicado. Pedir desculpas hoje ou amanhã, que diferença faria?

Ela não iria a lugar nenhum.

Mas, desta vez, o silêncio dela parecia longo demais. Estaria mimada por demais? Antes, nunca ousaria enfrentar ele dessa forma. Algo parecia fora do lugar.

Mas, no instante em que Mirela ligou, todos os pensamentos se dissiparam.

No dia em que o visto foi aprovado, Eloá comprou a passagem. Não voltou à Residência Enseada Azul. Nada ali lhe pertencia, e ela não era gananciosa. O valor do diamante já bastava.

Vestiu uma camisa branca e um jeans simples. Antes de partir, queria despedir-se de Adrian, o homem que um dia lhe estendeu a mão. Foi até a mansão Albuquerque.

Mas, por ironia do destino, acabou cruzando com Isadora.

— Ei, surda! Até que você é bem esperta agora. O Samuel e a Mirela estão cada vez mais apaixonados. Se eu fosse você, já tratava de romper esse noivado ridículo! — Isadora cuspiu as palavras com desdém.

Se fosse antes, Eloá certamente retrucaria, não deixando barato.

Mas agora que estava prestes a partir, não via mais sentido algum em discutir. Deu as costas, decidida a ir embora.

Mas, como sempre, quanto menos atenção recebia, mais Isadora se inflamava.

Segurou o braço de Eloá, a voz carregada de veneno:

— Sabe por que meu irmão aceitou esse noivado idiota com você? Acha mesmo que foi por gratidão, por ter salvado a vida dele? A Mirela ia se casar naquela época! Ele só queria provocar ciúmes!

Fez uma pausa, o olhar triunfante:

— E sabe por que ele nunca rompeu com você? Porque, sem a Mirela, ele tinha perdido qualquer esperança. Pra ele, tanto fazia quem estivesse ao lado. Você entende agora?

Eloá abriu um leve sorriso.

Olhou diretamente para Isadora e disse, serena:

— Eu entendo.

Ela sempre entendeu.

Tirou um envelope da bolsa e atirou-o contra o peito da outra:

— Aqui está o contrato de rompimento. Entregue você mesma. Eu não terei mais qualquer relação com a família Albuquerque.

Só então Isadora notou o que lhe escapara até ali: Eloá não estava usando aparelho auditivo.

Mas... havia compreendido tudo.

— Você... você não é mais surda? Quando isso aconteceu?

— Isso não importa. Já não diz respeito a você.

Nem a você, nem a nenhum de vocês.

— Deixa de fingir, Eloá! Essa sua pose de coitadinha, de boazinha que enganou o meu avô... essa encenação de mulher apaixonada pra manter meu irmão preso a você... Comigo isso nunca funcionou! Vai mesmo embora? Vai abrir mão da vida de luxo?

Eloá não respondeu.

Passou pela entrada da mansão Albuquerque sentindo-se mais leve do que nunca.

O som das folhas sopradas pelo vento pareceu-lhe um hino à liberdade.

Deixou para trás apenas uma Isadora boquiaberta, estática.

Ela se foi.

Realmente se foi?

Isadora sempre desprezara Eloá. Uma mulher surda, como ousava sonhar em entrar para a sua família?

Durante anos, fez de tudo para destruir ela, física e emocionalmente. Mas, não importava o quanto a ferisse, a outra sempre se mantinha firme, por causa daquele amor obsessivo por Samuel.

E agora... Ela se foi. Mesmo?

No aeroporto, Eloá fez sua última ligação.

Falou com o avô de Samuel, Adrian.

E nunca mais atendeu outro telefonema.

A partir dali, a distância entre ela e o passado seria feita de montanhas e oceanos. Seria definitiva.

Uma voz ecoou no saguão:

— Passageiros com destino a Roma, favor se dirigir ao portão de embarque.

Frente às ligações incessantes do noivo, Samuel, Eloá não hesitou.

Retirou o chip e o lançou na lixeira.

Se desligou da cidade, das lembranças, dos nomes que um dia a feriram.

E puxando sua mala, embarcou sem olhar para trás.

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