Capítulo 5

Eu segurei o rosto inchado e avermelhado, incapaz de conter as lágrimas que escorriam sem parar.

— Eu não apliquei a medicação intravenosa, foi a Natália quem fez isso. Minhas impressões digitais não estão no frasco do remédio. Se não acredita, pode verificar.

Natália ficou surpresa por um instante, me olhando, indignada e magoada.

— Eu já levei uma surra por sua causa, e ainda assim você insiste em me caluniar?

No final, foi a mãe do Irineu quem interveio.

— Muito bem, então deixemos que a polícia investigue direito. Eu também quero descobrir quem realmente matou meu filho, para poder fazer justiça por ele.

Durante esse tempo, todos aguardavam ansiosos o resultado da perícia das impressões digitais.

Eu não estava nervosa, pois não tinha tocado no frasco de remédio, então não seria possível encontrar minhas impressões digitais ali.

Mas, quando o resultado saiu, fui novamente contrariada.

Na delegacia, Fagner também estava presente, assumindo uma postura de mero observador, sem se manifestar.

Pedro segurava o laudo da perícia, seu olhar percorrendo todos os presentes até finalmente repousar sobre mim.

— As impressões digitais da mão direita encontradas no frasco realmente pertencem a Bianca. A prova é incontestável.

Assim que ele terminou de falar, todos os olhares se voltaram para mim.

Fagner franziu o cenho, demonstrando uma expressão de profunda decepção e dor.

— Isso é impossível!

Minhas impressões digitais jamais poderiam estar naquele frasco, a menos que Pedro, usando de sua posição, as tivesse forjado.

Vivíamos na mesma casa; conseguir minhas digitais era a coisa mais fácil do mundo para ele.

Mas, justamente agora, eu não tinha provas para contestá-lo.

E pensar que ele, sendo policial, sempre se vangloriou de ser justo e incorruptível, detestando qualquer tipo de maldade.

Na vida passada, eu ingenuamente acreditei que tinha feito algo errado, e foi por isso que Pedro se decepcionou tanto comigo.

Não importava o quanto ele me tratasse mal, eu nunca o culpei.

No fim, tudo foi uma armadilha tramada desde o começo por ele e Natália, esperando apenas que eu caísse.

As lembranças de como Pedro era bom comigo pareciam tão vívidas.

Mas, quando chegava o momento de escolher entre mim e Natália, eu sempre era a sacrificada.

De um Pedro assim, eu não precisava.

Os pais de Irineu estavam prestes a explodir, mas eu imediatamente levantei uma questão.

— Vocês nunca desconfiaram? Quando encontraram o Irineu, ele já apresentava manchas cadavéricas, não parecia alguém que havia acabado de morrer.

— Calculando o tempo do aparecimento dessas manchas, ele já estava morto antes das duas da tarde. Naquele momento, eu estava ajudando no pronto-socorro e todos os médicos da sala de cirurgia podem confirmar isso.

Bastava provar que Irineu morreu por volta das duas horas para afastar qualquer relação minha com o caso.

— Se vocês realmente querem encontrar o verdadeiro culpado, façam uma autópsia. Tenho certeza de que, onde quer que Irineu esteja, ele também encontrará paz.

Os pais de Irineu, com o rosto tomado pela tristeza, permaneceram em silêncio por um tempo antes de assentirem.

— Nós concordamos com a autópsia.

Natália parecia já estar preparada, trocando um olhar com Fagner ao seu lado.

— Que seja feita pelo Fagner da delegacia, o famoso perito forense Sr. Macedo. Só assim encontraremos o verdadeiro culpado.