All Chapters of Adeus, Esposa do Bilionário: Chapter 61 - Chapter 70

Se tivessem apenas a descartado ao acaso, tudo bem.Mas não. Ela exigiu que a desmaiassem, pregassem seu corpo em uma caixa de madeira e a deixassem seguir o curso do rio até o mar.Era, com todas as letras, uma sentença de morte.Naquele dia, Henrique, com apenas doze anos, estava debruçado na janela do carro quando avistou uma caixa enorme boiando e pediu ao motorista que a tirasse da água.Ela estava completamente encharcada, ardendo em febre. Ele então implorou a uma família de agricultores da região que a acolhesse e deixou dinheiro para remédios.Prometeu que voltaria, que a levaria para a Cidade N.Mas naquela mesma noite, o carro em que viajavam sofreu um acidente na estrada. O pai de Henrique morreu ali mesmo.Ela esperou por dois anos inteiros e nunca mais teve notícias dele... Já aos doze anos, decidiu ir sozinha à Cidade N para procurá-lo!As lembranças dolorosas invadiram sua mente em ondas incessantes.O coração parecia ser esmagado por uma mão invisível, doendo a ponto d

No camarim, o barulho da multidão parecia distante.Maria estava sentada diante do espelho, enquanto a maquiadora fazia os últimos retoques.A maquiagem era impecável: sombras coloridas, cílios longos e curvados, cada detalhe moldando uma beleza cuidadosamente construída.A assistente entrou carregando um enorme urso de pelúcia, quase da altura de uma pessoa, e alguns presentes artesanais. O rosto brilhava de empolgação.— Srta. Maria, o salão já está lotado! Mais de mil pessoas, um mar de gente. Ainda há tantos fãs do lado de fora que não conseguiram entrar. Se soubéssemos, teríamos reservado um estádio! Srta. Maria, esses presentes são dos fãs. Posso deixar aqui?Maria lançou um rápido olhar e, de imediato, sua expressão se encheu de desprezo.— Tire isso daqui agora. — A voz saiu aguda, sem o menor traço da doçura que ela exibia diante das câmeras. — Não deixe essas tralhas ocupando espaço, não suporto ver isso aqui.A assistente engoliu em seco e, sem ousar responder, saiu apressad

Ao ver o homem diante da porta, o rosto belo estava tão gelado que parecia gotejar gelo.Henrique fitou-a, abatida, com a expressão ainda sonolenta.Os olhos inchados denunciavam o choro da noite anterior, mas, sem maquiagem, o rosto pequeno parecia paradoxalmente corado.— Cristiane, foi você quem fez tudo isso?Ele entrou carregando uma aura de frio cortante.O semblante estava marcado pela fúria, os olhos estreitos em brasas.A voz saiu carregada de acusação.Cristiane apoiou a cabeça cansada no batente da porta.A dor latejava em suas têmporas, e aquela pergunta sem explicação só aumentava sua irritação.Ela pensou que ele falava do incêndio da noite passada no Solar do Mar.Não havia ele mesmo dito que lhe daria aquele lugar?Por que precisaria prestar contas?Valia mesmo a pena vir cobrar por isso?O fogo não fora tão grande, mas chamara atenção.Ela apenas curvou os lábios num meio sorriso cansado, sem ânimo de discutir.— Sim, fui eu. Você já sabe, não é? Com tantos olhos vendo

No andar mais alto do Grupo Carvalho, o ar era tão pesado que parecia prestes a se solidificar.Do lado de fora das enormes janelas de vidro, a cidade pulsava em sua rotina frenética, por dentro, o escritório estava tomado por um frio cortante.— Queda livre! Cem bilhões inteiros! Você me diga, como é que vamos encerrar essa bagunça?O som seco da bengala do Sr. Fernando ecoou pelo piso caríssimo, cada batida fazendo o coração estremecer.O velho respirava com dificuldade, o peito arfando, enquanto os dedos ossudos apontavam para o gráfico vermelho-sangue das ações despencando.Henrique permanecia diante da janela, ereto, mas envolto por uma solidão sombria.Não respondeu de imediato, apenas observava os carros que se arrastavam pelas avenidas lá embaixo.— Prepare imediatamente uma coletiva de imprensa. — A voz rouca de Fernando não admitia discussão. — Anuncie que Cris é sua esposa. Essa notícia sozinha é suficiente para recuperar o valor das ações.Henrique girou o corpo de repente.

Um estalo seco ecoou pelo salão. O tapa ressoou como um trovão.Maria teve o rosto virado com a força do golpe.O canto dos lábios logo tingiu-se de sangue, e a pele ardia em chamas.Atônita, levou a mão à face, encarando o próprio pai com incredulidade.— Pai...— Você ainda tem coragem de me chamar de pai?! — Igor tremia de raiva, o dedo apontado para o nariz dela como uma lâmina. — Tudo isso é culpa sua, sua desgraçada! Sem vergonha!Ele arremessou a pasta de couro ao chão com violência, espalhando documentos por todos os lados.— Agora mesmo, todos os parceiros ligaram exigindo rescisão! Rescisão, Maria! Sabe o que isso significa? A cadeia financeira da empresa vai se romper. Em menos de quinze dias, estaremos falidos! Falidos! — Os olhos de Igor estavam injetados de sangue, como um leão enfurecido. — Você perseguiu Henrique por tantos anos... E para quê? Para acabar com a fama de amante! Agora arrastou toda a família para o abismo! E ainda ousa chorar? Chorar resolve o quê? Inútil