Daise sorriu e perguntou: — Quem tá com o copas A, hein? O rosto de Gabriel ficou ainda mais frio. Raquel mordeu os lábios antes de revelar sua carta. Quando ela mostrou o copas A, a sala mergulhou em um silêncio ainda mais constrangedor. Gabriel continuou com a expressão sombria, lançando um olhar gelado para Raquel. Todos sentiram o peso da irritação de Gabriel e preferiram não dizer uma palavra. De repente, Helena soltou uma risada seca. Seus olhos, ao encarar Daise, estavam afiados como lâminas. — Daise, você realmente sabe como escolher, né? Daise fez uma careta, tentando parecer descontraída. — Foi coincidência, não acha? — Respondeu ela com um sorriso que parecia desafiador. Raquel, visivelmente desconfortável, olhou para Helena e tentou se explicar: — Helena, me desculpa. Minha amiga não sabia que você e o Gabriel já tinham se acertado. Eu peço desculpas em nome dela. Helena não fez questão de esconder sua expressão fria. — Eu não vejo nenhuma intenção
Raquel respondeu com um sorriso forçado: — Estamos jogando Jogo do Rei. Daise estendeu a mão animada: — Me dá uma carta, quero jogar também. — Claro. — Disse Raquel, tentando parecer descontraída. — Pessoal, deixa eu apresentar: essa aqui é Daise, minha amiga dos tempos de intercâmbio no exterior. Com a chegada de Daise, o grupo decidiu reiniciar o jogo, embaralhando e distribuindo novas cartas. A próxima rodada começou, e foi Elder quem tirou a carta de rei. Ele olhou ao redor da sala, pensativo, antes de anunciar: — Espadas três, escolha alguém do sexo oposto e faça uma declaração de amor. — Quem tá com espadas três? — Gritou Mateus, curioso. Todos verificaram as próprias cartas, até que Júlia, com a mesma timidez de uma aluna respondendo à chamada, levantou a mão e disse baixinho: — Sou eu. Elder ficou surpreso. Ele não esperava que justamente Júlia fosse a escolhida. Tinha falado aquilo sem pensar muito, e agora estava visivelmente desconcertado. Júlia, com se
Raquel e Percival estavam sentados ali perto, e, de onde eles estavam, podiam ver claramente o rosto corado de Helena. Também podiam perceber o olhar de Gabriel para ela — cheio de expectativa e uma doçura que parecia transbordar. Raquel sentiu o coração apertar. Ela nunca tinha visto Gabriel olhar para alguém com tamanha ternura. Os olhos dele, geralmente tão frios e distantes, agora brilhavam com um misto de suavidade e desejo. — Helena, olha só a cara dele, todo cheio de expectativa, e você ainda não beijou? — Provocou Mateus, rindo alto. — Nunca vi o Gabriel assim! Hahahaha... Inês riu e começou a incitar: — Beija! Beija! Beija! Até Júlia, com um sorriso no rosto, deu uma cutucada de leve no braço de Helena: — Helena, o Gabriel tá te pedindo um beijo! Não vai atender o pedido dele? Todos começaram a rir e a fazer coro, com exceção de Percival e Raquel. Gabriel estava sentado ao lado de Helena, e ela, no meio daquela pressão amigável, soltou uma risadinha tímida. C
Era realmente um jogo fácil de entender. Bastava separar um carta de coringa e algumas cartas numeradas. Quem tirasse o coringa se tornava o rei e podia mandar qualquer pessoa com uma carta numerada realizar uma tarefa de sua escolha.No grupo, a maioria eram casais: Gabriel e Helena, Mateus e Inês, Xavier e Jennifer. Os solteiros eram Júlia, Percival, Raquel e Elder. Isso deixava o jogo muito mais interessante.Todo mundo sabia que Percival tinha uma queda por Helena, e Raquel não fazia questão nenhuma de esconder seus sentimentos por Gabriel. Quanto a Júlia e Elder, ninguém percebia nada de especial, mas Helena sabia que Elder só tinha vindo ao encontro porque Júlia estava lá.Apesar de simples, o jogo era cheio de emoção, justamente porque o rei podia dar as ordens mais malucas ou embaraçosas. Na primeira rodada, Inês foi a sortuda que tirou o coringa. Ela deu uma olhada ao redor, com um sorriso malicioso nos lábios, e decretou: — Espadas dez, faz cem flexões. — Pô! — Reclam
Gabriel caminhou para um canto mais afastado e fez uma ligação para Alex, dando instruções em voz baixa.Jacó foi levado por Alex para um porão escuro e escondido no interior do navio, guiado por um membro da família Campos, que também fazia parte da equipe de gerenciamento do cruzeiro.O local era extremamente sigiloso, longe das áreas de lazer e dos quartos. A acústica do ambiente era projetada para ser à prova de som. Mesmo que Jacó gritasse a plenos pulmões, ninguém além das pessoas dentro da sala ouviria.Gabriel havia ordenado que Jacó fosse "bem tratado".Jacó, ainda completamente molhado do mar e tremendo de medo, foi amarrado pelos seguranças. Eles tiraram de uma maleta um conjunto de instrumentos afiados.Jacó começou a gritar de pânico antes mesmo que qualquer lâmina o tocasse. Ele não sabia ao certo o que o aguardava, mas a visão daqueles instrumentos o fez entender que seu destino seria muito sombrio.Alex, impaciente com os gritos, estalou a língua e aproximou-se com uma
Conforme os tubarões se aproximavam, os gritos da multidão ficavam mais altos, e o terror de Jacó aumentava na mesma proporção. Gabriel, ao ouvir Helena intervir, percebeu que o propósito de punir Jacó já havia sido alcançado. Ele assentiu levemente e disse: — Certo. Ele ordenou que jogassem um bote inflável e um colete salva-vidas no mar, além de baixar uma corda. Gabriel instruiu dois seguranças a resgatar Jacó. Embora o intervalo entre ser jogado no mar e ser resgatado tivesse durado apenas alguns minutos, para Jacó parecia que havia passado uma eternidade. Ele sentiu como se tivesse ido e voltado do inferno. Quando finalmente foi resgatado, o medo esmagador da morte ainda o dominava. Mesmo de volta ao navio, ele não parava de tremer da cabeça aos pés, repetindo freneticamente frases como: — Me ajudem! Por favor, não me joguem de novo para os tubarões! Eu juro que aprendi a lição! Jacó parecia completamente fora de si, quase enlouquecido. Verônica, por sua vez, estav