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Capítulo 3

Penulis: Juli
Não importa o quanto eu fosse jovem, bonita, com um corpo perfeito.

Pros olhos dele... eu não passava de carne. Igual a qualquer outra.

Mesmo assim, no momento em que ele começou o exame...

Fechei os olhos com força, o rosto queimando de vergonha.

Quando fui embora, não sei se era impressão minha...

Ou se o aquecedor tava forte demais.

Mas achei que as orelhas do Guilherme... também estavam meio vermelhas.

— Val, para no próximo posto? Quero ir ao banheiro.

A voz da Dalila me arrancou dos pensamentos.

Mordi de leve o lábio, tentando afastar a perna.

Mas os dedos do Guilherme apertaram ainda mais.

Abaixei os cílios, longos, pesados.

Fiquei imóvel.

O carro parou.

Dalila, no mesmo instante, puxou o Valentim pra ir com ela. Claro.

Valentim olhou pra trás, hesitando.

Mas então Guilherme falou, com a voz baixa e firme:

— Ela tá dormindo.

Valentim pareceu aliviado na hora.

— Valeu, mano. Vou só rapidinho com a Dali.

— Uhum. — Respondeu Guilherme.

Portas abrindo. Portas fechando. Risadas ficando pra trás.

Silêncio.

— Clarice.

Guilherme puxou a manta das minhas pernas.

— Você tá suando. Não tá com calor?

Abaixei ainda mais a cabeça. Nem ousei olhar pra ele.

Peguei a garrafinha, querendo me esconder atrás de um gole d’água.

Mas ele tirou a garrafa da minha mão.

— Menos água gelada. Já esqueceu o que eu falei?

Não sei de onde veio, mas levantei o rosto e encarei.

— O doutor Guilherme não é tão bom médico assim, hein.

— É mesmo? — Ele arqueou a sobrancelha.

— Tomei o remédio, segui tudo certinho... e ainda dói.

As sobrancelhas dele se juntaram mais um pouco.

— Ainda tá doendo?

— Um pouquinho. — Murmurei, com os lábios apertados e o queixo levemente erguido.

— Será que não preciso de um novo exame, doutor?

Do lado de fora, não muito longe...

Dalila estava abraçada no braço do Valentim.

Os dois coladinhos.

Ele apertava a bochecha dela, depois bagunçava o cabelo.

Pareciam um casalzinho apaixonado.

Senti a raiva e a frustração entaladas no peito querendo explodir, mas sem encontrar por onde escapar.

Nem sei como, mas agarrei a mão do Guilherme.

— Ou será que o doutor Guilherme quer cumprir o dever agora… e me examinar aqui mesmo?

No instante em que a mão dele quase tocou meu peito, ele foi mais rápido que eu.

Os dedos longos e fortes seguraram minha nuca.

Com um leve puxão, me trouxe pra perto.

— Clarice.

Ele olhou pra baixo, os olhos fixos em mim.

E eu tive que levantar o rosto pra encarar.

— Não me provoca aqui.

— Eu te provoquei? — Encarei de volta, firme, sem recuar nem um centímetro.

— Ou será que o doutor Guilherme perdeu toda a ética e agora finge que a paciente tá sofrendo sem fazer nada...?

Mal terminei a frase, ele tirou os óculos, inclinou-se — e me beijou.

Um beijo que só podia ser dele.

Com aquele gosto leve de limpeza, quase amargo, o cheiro sutil de antisséptico, como se tivesse impregnado na pele dele inteira.

Fiquei paralisada. Olhos arregalados.

Meus braços tentaram empurrá-lo, reflexo puro.

Mas a mão dele apertou ainda mais.

Soltei um gemido surpreso — e ele aproveitou a brecha.

O beijo afundou. Se aprofundou.

O ar foi sumindo, a cabeça rodando.

Minhas pernas fraquejaram. O corpo inteiro parecia ter perdido os ossos.

Ele segurou meu queixo com firmeza, continuando.

A língua dele tocava fundo, até minha espinha formigar.

Minhas mãos, não sei quando, agarraram a camisa dele.

Apertando, amassando.

O carro era silêncio e respiração.

A minha, descompassada. A dele, quente.

As lágrimas vieram, sem querer. Só reflexo.

E então… ele parou.

Fiquei ali, com o rosto levantado, o olhar ainda perdido, como se pedisse mais.

Como se implorasse.

Guilherme sorriu de leve.

Passou o dedo nos cantos da minha boca, tirando um resquício de água.

— Calma, Clarice. Sem pressa.

— Hum...? — Respondi sem pensar, a mente flutuando longe.

Ele se inclinou de novo, deu um beijo leve, só tocando os lábios inchados.

Encostou a testa na minha.

E sussurrou no meu ouvido, a voz rouca, baixa, impossível de ignorar:

— Faltam trinta quilômetros. Quando a gente chegar… eu te examino direito.
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