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CAPÍTULO 3

Penulis: Sardinha Tranquila
Miguel falou com um tom duro, misturando autoridade de irmão mais velho e um nervosismo que talvez nem ele percebesse.

— Desde quando você tem amigo homem e eu não sei?

Fernando, cheio de ciúmes, não escondia que nunca gostou de me ver perto de outros caras.

— Um colega do trabalho, só estávamos falando de serviço.

Falei só pra enrolar mesmo, e os dois ficaram visivelmente aliviados.

— Se estiver muito cansada, para de trabalhar. Eu posso te sustentar.

Miguel passou a mão no meu cabelo, do jeito carinhoso de sempre.

— É, não é muito melhor ficar com a gente do que com esses estranhos por aí?

Fernando entrou na onda, já animado falando com o Miguel sobre me levar pra passear fora da cidade.

Assim que os dois se afastaram, a Isabela largou de vez o papel de frágil e sorriu com deboche:

— Acha mesmo que com esse tipo de truque você vai chamar a atenção deles?

— Advinha, se eu me machucar agora, você acha que eles vão acreditar em você ou em mim?

Antes que eu pudesse reagir, Isabela levantou a mão e se deu vários tapas na cara, bem forte.

— Eu juro que nunca mais vou disputar o mano e o Fernando com você, por favor, me deixa em paz!

Ela batia e gritava, chorando alto de propósito.

Miguel e Fernando correram de volta. A primeira coisa que viram foi a Isabela, o rosto todo marcado, parecendo uma vítima.

No instante seguinte, Fernando me empurrou com força, me jogando no chão. O corte na minha testa, que já estava quase curado, começou a sangrar de novo.

— Helena, a Isabela passou a vida toda sem pai nem mãe, sofrendo, e você, que sempre teve tudo, ainda quer maltratar ela?

Miguel ignorou meu machucado, o rosto fechado, e me chamou pelo nome completo pela primeira vez:

— Helena Ribeiro, você está cada dia mais impossível!

— A família Esteves já tá organizando o casamento, você precisa mesmo brigar com a Isabela até nos últimos dias?

— Nunca pensei que ia ter uma irmã tão cruel.

Eles saíram na hora, cada um de um lado da Isabela, indo com ela pro hospital.

Fiquei ali, passando a mão na cabeça machucada, e ri sozinha, um riso de puro desespero.

É isso mesmo, a família Esteves já está preparando o casamento.

Mas quem vai casar não é a Isabela. Sou eu.

No dia seguinte, Miguel e Fernando agiam como se nada tivesse acontecido, planejando um passeio para nós todos.

Concordei, mas continuei arrumando minhas coisas.

Na janela, vi o reflexo da Isabela dirigindo.

Ela acelerava feito louca, batendo o carro várias vezes, até o veículo virar praticamente sucata.

Não! Aquele carro era o último presente dos meus pais antes de morrer!

— Para! Para agora!

Corri como uma louca pra tentar impedir, mas fui atropelada pela Isabela em alta velocidade.

O impacto foi tão forte que me lançou a vários metros de distância. Soltei um grito e cuspi sangue na hora, sentindo como se todos os meus órgãos tivessem sido despedaçados.

De longe, vi a Isabela descer do carro sorrindo:

— Nossa, que descuido o meu… Acabei de aprender a dirigir e confundi acelerador com freio. Nem percebi e já tinha batido em você.

No segundo seguinte, apaguei completamente.

Enquanto a consciência se apagava, ouvi o Fernando, desesperado, perguntando ao médico quando eu ia acordar.

Meu irmão segurava minha mão, enxugava meu suor frio, igual fazia antigamente.

Fiquei em coma um dia e uma noite. Quando finalmente consegui abrir os olhos, a primeira coisa que ouvi foi os dois defendendo a Isabela:

— Helena, o médico falou que essa dor passa logo, aguenta firme. A Isabela não fez por mal...

— Foi culpa minha, não ensinei direito, ela confundiu o pedal. Se quiser culpar alguém, me culpa.

Aquele irmão que dividia o remédio comigo só pra eu não sofrer, aquele amigo de infância que ficava acordado vinte e quatro horas só pra cuidar de mim quando eu adoecia... Já eram só lembranças.

— Helena, por que você está chorando?

O coração do Miguel deu um aperto na hora, tentou enxugar minhas lágrimas, mas logo uma enfermeira entrou:

— Aquela mocinha do lado de fora passou mal de tanto chorar, alguém pode cuidar dela?

Ao ouvir que a Isabela tinha desmaiado, os dois correram pra fora, me deixando sozinha no quarto.

No celular, começaram a chegar mensagens da Isabela:

“Helena, você está mais machucada, mas todo mundo só se preocupa comigo, não percebeu?”

“Você ainda não sabe, né? O Fernando me pediu em casamento, disse que só depois de me conhecer entendeu o que é amor à primeira vista.”

“E o mano? Ele vendeu escondido a casa da família, disse que ia fazer de tudo pra cancelar meu casamento, não ia deixar eu sair de perto dele por nada.”

“Pra eu ficar tranquila, ele até trocou dez anos de vida por um amuleto de sorte, querendo usar toda a sorte dele comigo, e que na próxima vida a gente seja irmão de novo.”

O estranho é que, lendo tudo isso, eu não senti absolutamente nada.

Nos dias seguintes, fiquei sozinha no hospital.

No primeiro dia, a Isabela mandou vídeo do Miguel brincando de cavalinho com ela. Pedi para os jardineiros arrancarem todas as tulipas do jardim que o irmão tinha plantado pra mim.

No segundo, veio o áudio do Fernando se declarando pra ela à beira do rio. Peguei a joia de família que ele tinha me dado aos dezessete e devolvi pra família dele.

No terceiro, que era o último, o pessoal da família Esteves apareceu.

— Bom dia, senhora. O Sr. Gustavo mandou buscar a senhora para ir até a casa da família em Cidade P.

Assenti e peguei minha mala.

Nesse momento, Miguel ligou:

— Helena, por que o convite do casamento com a família Esteves está com o seu nome? Tá fazendo drama de novo?
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