Capítulo 4

Quando acordei de novo, Cayden estava sentado ao lado da cama, parecendo completamente exausto.

Assim que me viu abrir os olhos, ele disse em um tom raramente suave: — Eu salvei Rosie primeiro porque ela é frágil demais pra lidar com qualquer complicação.

Respondi calmamente: — Eu entendo.

Ele pareceu aliviado, então acrescentou: — Você vai precisar doar sangue de novo em alguns dias. Por favor, se cuide.

Dei uma risada amarga por dentro.

Então, ele só ficou aqui pra garantir que nada acontecesse com o banco de sangue da Rosie.

Depois de uma longa pausa, ele disse: — Eu prometi pra sua mãe que cuidaria de você, então ainda vou olhar por você mesmo depois da minha cerimônia de união com Rosie.

Levantei os olhos e respondi silenciosamente na minha cabeça. "Que pena, eu não preciso mais da sua preocupação."

Depois daquele dia, ele nunca mais apareceu.

Cuidei da alta sozinha. Assim que pisei no saguão principal, vi uma maca sendo levada às pressas para a emergência.

Cayden estava bem ao lado, parecendo em pânico, e quem estava deitada na maca era Rosie.

Minha cabeça começou a zumbir.

Na minha vida passada, eu recusei a transfusão, e Rosie morreu.

Desta vez, eu já tinha concordado. Por que isso ainda estava acontecendo?

Não tive tempo de pensar e simplesmente os segui direto pra dentro.

Do lado de fora da emergência, Cayden estava sentado em um banco, parecendo completamente atordoado e destruído.

Ele me contou que Rosie teve uma reação alérgica grave a uma certa erva, o que causou hemorragia interna.

Depois de um tempo, o médico saiu da sala de emergência com o rosto sombrio. — A condição dela é crítica. Precisamos fazer uma transfusão de sangue de emergência imediatamente. A doadora está aqui? Ela está bem o suficiente pra cirurgia?

Antes que ele pudesse responder, eu disse de trás dele: — Estou pronta, doutor. Vamos fazer isso.

A tragédia da minha vida passada não ia se repetir. Eu só queria acabar com tudo isso rápido, sair desse lugar e cortar todos os laços com eles.

A expressão de Cayden era difícil de decifrar enquanto murmurava: — Obrigado.

Não respondi. Apenas peguei meu celular e adiantei o voo que eu já tinha reservado para esta tarde.

Trinta minutos depois, eu estava deitada na mesa de cirurgia. Não estava com medo, apenas aliviada.

Mas bem naquele momento, uma enfermeira entrou correndo, parecendo em pânico. — Temos um problema. Só sobrou uma dose de anestesia. É suficiente apenas para uma pessoa!

O médico imediatamente saiu para falar com Cayden.

No segundo seguinte, ouvi a voz dele, que veio sem um momento de hesitação. — Usem na Rosie. Ela tem um distúrbio sanguíneo e não aguenta a dor.

Meu coração afundou completamente.

O médico voltou e me olhou com compaixão. — Srta. Smith, você vai ter que ficar totalmente consciente durante o procedimento, já que não há anestesia suficiente. Vai ser extremamente doloroso. Você ainda pode desistir se quiser.

— Não. Eu aguento — disse calmamente.

Mesmo já esperando por isso, ainda assim doeu.

Meu querido irmão mais velho, minha única família, sempre fazia a mesma escolha.

A dor durante a cirurgia foi pior do que eu jamais poderia ter imaginado. Máquinas frias agitavam dentro de mim, e cada extração parecia arrancar minha alma junto com meu sangue.

Mordi com força, mas não consegui me impedir de gritar. Quando terminou, eu já tinha desmaiado de dor.

Quando acordei de novo, não havia ninguém ao meu lado.

Uma enfermeira jovem entrou para trocar meu curativo. Vendo que eu estava acordada, ela murmurou: — Seu irmão é de outro mundo. Deixar você passar por uma cirurgia sem anestesia só pra salvar a companheira dele...

Forcei um sorriso amargo, mas não respondi.

Quem acreditaria que na verdade eu era a companheira destinada dele?

Depois que a enfermeira saiu, verifiquei a hora. Eu tinha duas horas antes do meu voo.

Tentei sair da cama, mas uma dor aguda e dilacerante atravessou meu corpo, me fazendo parar.

Ainda assim, o pensamento de finalmente ir embora me deu forças. Cerrei os dentes e me forcei a sentar, uma mão agarrando a cama para me apoiar.

Lutei para me vestir, peguei o acordo que eu já tinha preparado para oficialmente romper nossa relação de irmãos e me arrastei passo a passo até o quarto de Rosie.

Cayden estava sentado ao lado dela, completamente focado no rosto adormecido dela, sem me notar de jeito nenhum.

Só quando entreguei o acordo pra ele foi que ele finalmente me lançou um olhar impaciente antes de voltar direto pra ela.

Ele nem olhou o conteúdo, presumindo que era alguma papelada de propriedade. Sem hesitar, pegou uma caneta.

— Você se saiu bem dessa vez. O que você quer? Um carro? Uma casa? Pode pedir — ele disse distraidamente enquanto assinava o nome.

Peguei os papéis assinados e finalmente respirei aliviada antes de me virar para sair.

Mas ele franziu a testa e perguntou: — Você acabou de sair de uma cirurgia e ainda está fraca. Onde você está indo?

Minha garganta estava seca, e eu podia sentir que meu corpo estava prestes a desabar. — O hospital é abafado. Só vou dar uma volta lá fora.

Ele olhou para as minhas costas e, pela primeira vez, disse algo que soava um pouco como preocupação. — Está ventando. Não fique muito tempo lá fora.

Murmurei um "hm" baixinho, mas lá no fundo, estava me despedindo dele.

Peguei minha bagagem e arrastei esse corpo destruído para um voo direto para a zona de guerra.

A luz do sol entrava pela janela e pousava suavemente em mim. Dei uma última olhada na cidade onde tinha vivido por tantos anos.

Adeus ao amor mais patético ao qual me agarrei em ambas as vidas.

Adeus, Cayden.

A partir de agora, eu não seria mais a vergonha da alcateia.

E nunca mais te amaria de novo.