Capítulo 2

Ao chegarem à loja de vestidos de noiva, um atendente recebeu Benício e Rafaela, pedindo que eles se dirigissem aos provadores para trocar de roupa.

Quando Benício saiu do provador, fez os funcionários da loja ficarem momentaneamente hipnotizados.

Ele tinha uma postura imponente e, devido aos exercícios frequentes, não havia um grama de gordura em excesso em seu corpo. Ele parecia um modelo ambulante.

Rafaela saiu logo depois, vestindo o vestido de noiva. Ao ver Benício sentado em uma cadeira mexendo no celular, ela notou que ele vestia o terno com perfeição. O corte impecável realçava sua silhueta proporcional, e a gravata, ajustada de forma precisa, complementava a elegância de sua figura. O traje preto profundo destacava ainda mais sua presença marcante.

Ela caminhou silenciosamente até ficar atrás dele e viu, por acaso, as mensagens que acabavam de chegar no WhatsApp.

[Benício, estou com uma dor no estômago. Será que você pode vir me buscar?]

Ele ainda não tinha respondido quando outra mensagem chegou.

[Lembrei que hoje você vai tirar as fotos de casamento com Rafaela. Esquece, eu me viro sozinha. Não vou atrapalhar.]

Logo depois, a mensagem foi apagada.

Rafaela soltou uma risada fria. Quem apaga uma mensagem minutos depois de enviá-la, de forma tão calculada?

Benício hesitou por um instante, mas respondeu:

[Vou ver o que posso fazer. Me manda sua localização.]

Rafaela apertou o tecido do vestido com força, os nós dos dedos ficando brancos. Seu peito doía tanto que ela levou a mão ao coração, lutando para respirar.

Ele ainda não conseguia dizer "não" àquela mulher.

Ela se agachou devagar, tentando recuperar o fôlego. Benício, percebendo o estado dela, virou-se imediatamente e, ao ver Rafaela pálida, levantou-se apressado.

— Rafaela, o que houve? Você está bem? Eu te levo ao hospital agora!

Rafaela olhou para ele, como se ainda fosse o homem atencioso de sempre. Mas, por dentro, ela riu amargamente. Ele estava preocupado com sua saúde ou apenas com a pressa de ir correndo para os braços de outra mulher?

Ela tentou controlar suas emoções.

— Não é nada, só andei dormindo mal nos últimos dias. Você pode me levar para casa?

— Claro, vamos.

Benício avisou rapidamente os atendentes da loja e a ajudou a sair de lá.

No caminho, o celular de Benício voltou a tocar. Ele olhou para a tela, e sua expressão ficou séria. Guardou o celular no bolso, mas sua ansiedade era evidente.

Ele fez sinais com as mãos, olhando diretamente para Rafaela.

— Rafaela, surgiu um problema urgente na empresa. Não vou conseguir ficar com você em casa. Posso te deixar lá primeiro?

Rafaela observou o rosto dele, tão cheio de preocupações falsas, e sentiu apenas nojo. Forçou um sorriso.

— Não precisa se preocupar, eu já estou bem melhor. Posso chamar um táxi.

Benício segurou as mãos dela e, com seus olhos profundos, transmitiu uma falsa intensidade, como se só existisse ela no mundo.

— Não tem problema. Eu posso adiar o trabalho. Sua saúde é mais importante.

Ele fez outro gesto com as mãos, reafirmando sua preocupação.

Rafaela curvou um sorriso pálido nos lábios.

— De verdade, eu já estou bem. Vá logo cuidar do que precisa.

Benício, ao notar que ela parecia mais estável, finalmente cedeu.

— Certo. Descanse bastante, e eu volto assim que puder.

Ela assentiu e esperou Benício sair dirigindo antes de levantar a mão e chamar um táxi.

— Moço, siga aquele carro da frente.

O céu já estava escuro quando ela viu Benício parar o carro e uma figura feminina correr para os braços dele.

Rafaela arregalou os olhos ao reconhecer o rosto da mulher. Seu coração apertou como se estivesse sendo esmagado.

Era Cíntia Melo, a primeira namorada de Benício, a mesma que todos na escola diziam ser o grande amor da vida dele. Anos atrás, Cíntia foi estudar fora do país, e os dois perderam contato.

Rafaela soltou uma risada amarga. Claro, a "eterna paixão" dele havia voltado.

Cíntia, com um sorriso radiante, envolveu Benício em um abraço, seus olhos cheios de lágrimas brilhando como um apelo irresistível.

— Benício, eu sabia que você viria. Estava te esperando.

Ele segurou os ombros dela, examinando-a de cima a baixo. Seus olhos, normalmente frios, estavam agora tão suaves quanto a água.

— Não era dor no estômago?

Cíntia inclinou a cabeça, fingindo graça.

— Assim que te vi, passou.

O semblante preocupado de Benício se desfez em um sorriso cativante, seu olhar naturalmente afiado agora seduzia com facilidade.

— Sua mentirosa. Não faça isso de novo. Eu fico preocupado.

Cíntia fez um biquinho, puxando levemente a mão dele.

— Desculpa, eu só estava com saudades. Sei que atrapalhei suas fotos com Rafaela.

Benício passou o polegar pelos lábios dela, um toque cheio de intimidade.

— Tudo bem, só não repita isso.

Cíntia sorriu de forma insinuante, puxando a gola do terno dele com os dedos delicados.

— Vem aqui, tenho uma surpresa para você.

De mãos dadas, os dois caminharam até uma cabana de madeira à beira-mar.

Rafaela, escondida atrás de uma árvore, cravou as unhas nas palmas das mãos até sentir dor, mas nem percebeu. As lágrimas escorriam pelo rosto quente enquanto ela observava a cena.

Ela achava que podia encarar tudo com calma. Mas, ao ver aquilo, percebeu que a dor era cortante, como uma lâmina atravessando seu coração.

Desde o início do relacionamento, Benício parecia amá-la mais do que tudo. Ele valorizava seus sentimentos, dava a ela todo o apoio emocional de que precisava.

Até mesmo nos momentos mais íntimos, ele era incrivelmente paciente.

— Quero que nossa primeira vez seja na noite de núpcias. Por você, eu posso esperar.

Mesmo naquela noite, ele foi gentil, cuidadoso, respeitando cada limite dela.

— Rafaela, promete que nunca vai me deixar? Eu te amo.

Naquele momento, ela acreditou que, mesmo tendo perdido a audição por causa dele, valia a pena. Ele merecia.

Mas agora, ele havia quebrado todas as promessas, se apaixonado por outra mulher e destruído os votos que fizeram juntos.