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Capítulo 3

Author: Árvore Florida
O assistente me viu, e sua voz saiu trêmula. Mas Leonardo não percebeu nada de errado.

Com impaciência, disse:

— Aprove todas. Assine por mim.

— Isso não é uma boa ideia, Léo. — Peguei os documentos da mão dele. — É melhor você assinar pessoalmente.

Ele ficou surpreso por um instante, mas não suspeitou de nada.

Pegou a caneta e foi assinando página por página, sem ler uma única linha.

Quando assinou o acordo de divórcio, eu finalmente pude respirar aliviada.

O assistente saiu com os documentos, e Leonardo, ansioso, me empurrou para a cama. Ele cobriu meu pescoço com beijos apressados.

Afastei-o com calma. Ajustei o colarinho da minha roupa e disse suavemente:

— Hoje estou cansada. Fica para a próxima.

Um traço de irritação cruzou os olhos dele, mas Leonardo não falou nada.

Pouco tempo depois que deixei o quarto, ele também saiu de casa dirigindo às pressas.

Trinta minutos mais tarde, meu celular vibrou com as mensagens de Cristiane, pontualmente.

[Priscila, você é patética. Nem consegue segurar seu próprio marido.]

[Mas também… Ele nem te considera esposa. Se considerasse, por que chamaria a mim de amor o tempo todo?]

Fechei a conversa sem qualquer emoção.

Em seguida, comprei uma passagem de avião para daqui a sete dias, rumo ao país A.

O meu país.

A minha casa.

Quanto à família, eu não perdia em nada para a de Leonardo.

Quando decidi me casar com ele, meus pais foram totalmente contra.

Leonardo era o Chefão. Ele acumulava inimigos por todos os lados.

Meus pais temiam que, ao me casar com ele, eu corresse riscos demais.

Mas, na época, jovem e teimosa, eu me ajoelhei diante deles e supliquei:

— Deixem-me arriscar. Leonardo me ama de verdade. Ele nunca vai me deixar perder.

A decepção no olhar deles… Eu nunca esqueço.

Depois disso, meus pais bloquearam todos os meus cartões.

E, nos últimos três anos, não me ligaram nem uma única vez.

Eu sofri por isso durante muito tempo.

A cada Natal, ao olhar para as mensagens sem resposta, eu desabava em lágrimas.

Naquela época, Leonardo me abraçava forte, envolvendo-me com seus braços, e dizia com voz suave:

— Não importa. Basta que eu te ame.

Mas quem dizia essas palavras foi justamente quem me traiu.

E eu… Eu perdi a aposta.

Se era assim, estava na hora de voltar para casa.

Com as mãos trêmulas, tirei um print da passagem e enviei para meus pais.

E, com a voz presa na garganta, escrevi:

[Papai, mamãe… Leonardo não me quer mais. Vocês ainda me querem?]

Eu não esperava nada.

Eles já tinham se decepcionado comigo há muito tempo.

Mas, menos de um minuto depois, a resposta apareceu.

[Volta, filha. Eu e seu pai sentimos sua falta todos os dias.]

Naquele instante, tudo o que eu havia reprimido despencou.

Agarrei o celular e chorei até perder o fôlego.

Chorei tanto naquela noite que, no dia seguinte, meus olhos estavam inchados como ovos.

Minha voz estava completamente rouca.

Quando Leonardo me viu, ficou surpreso:

— O que aconteceu com você?

— Nada. — Balancei a cabeça.

Ele não insistiu.

Antes, ele jamais deixaria passar.

Chamaria criados, interrogaria todos até descobrir por que eu tinha chorado.

Mas agora, apenas entrou no carro, frio e distante.

No fundo, ainda devia estar irritado porque eu o rejeitara na noite anterior.

Assim seguimos, em silêncio absoluto, como dois estranhos, rumo ao shopping.

No meio do caminho, o celular dele tocou.

Eu pude ver o contato: "Irmãzinha".

Leonardo virou-se discretamente para a janela e abaixou a voz:

— O que foi?

Ele conversou por apenas alguns segundos e, logo depois, bateu no ombro do motorista:

— Vire o carro. Vamos para o hospital!

O motorista hesitou, olhando instintivamente para mim.

— Mas… E a senhora? Está muito frio lá fora, a senhora….

A paciência de Leonardo se esgotou num instante:

— Você não tem direito de abrir a boca aqui!

Em seguida, virou-se para mim:

— Pri, aconteceu algo sério na família. Preciso ir agora. Pegue um táxi e vá comprar o presente sozinha. — Ele colocou um cartão na minha mão. — Aqui. Limite ilimitado. Use o quanto quiser.

Sem esperar resposta, abriu a porta e mandou que eu descesse.

Sorri levemente, obediente, e saí do carro.

Fiquei parada ali, vendo o veículo acelerar e desaparecer no meio da neve.

O motorista estava certo. Fazia um frio cortante.

E eu nem tive tempo de pegar meu casaco antes de ser expulsa do carro.

O shopping ficava a três quilômetros dali.

A neve já batia na altura das minhas panturrilhas.

Com aquele clima, nenhum táxi apareceria.

Só me restava caminhar, passo após passo, em direção ao shopping.

Mas, quando estava a poucos metros da entrada, minhas pernas cederam.

Caí de joelhos na neve, o corpo inteiro perdendo forças.

Entre a consciência e o desmaio, vi um homem de sobretudo preto correndo na minha direção.

— Senhorita, você está bem?

A voz dele parecia distante.

Quando abri os olhos novamente, ele estava sentado ao lado da minha cama.

— Ainda bem que acordou. Você quase me matou de susto. — A voz dele tremia de alívio. — O médico disse que, se chegasse um pouquinho mais tarde, você e o bebê na sua barriga não teriam sobrevivido.
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