A Todos, Meu Adeus
Era meu aniversário. Eu achei que ele fosse me levar à praia para ver os fogos de artifício, mas ele levou outra mulher e a filha dela.
— A Bruna tem uma filha, não é fácil para ela. Seja compreensível. Ela não conhece o caminho e tem muita bagagem. Vou levá-las ao hotel primeiro. — Ele falou isso com a maior leveza, como se estivesse explicando algo trivial.
Era justamente essa leveza que fazia até mesmo a minha raiva parecer exagerada.
Ele colocou as duas no carro, colocou pessoalmente o cinto de segurança da criança e, sorrindo para mim, disse:
— Eu já volto, não fica imaginando coisa.
Fiquei parada à beira da estrada, vendo eles partirem como se fossem uma família de verdade.
A noite caiu, e a brisa do mar estava gelada. Eu ainda estava esperando, até que um vídeo da Bruna apareceu na minha tela. Ele estava abraçando a filha dela, na praia, assistindo à queima de fogos.
Aquela cena era a surpresa que eu mesma tinha preparado para o meu aniversário.
Nos comentários, só tinha:
[São perfeitos juntos, uma família tão feliz]
Alguém perguntou por que ele não tinha ido me buscar. Ele sorriu e respondeu:
[A Camila tem bom temperamento, ela não vai se irritar]
Naquele instante, meu bolo virou uma poça de glacê derretido.
No fundo, ele nunca foi verdadeiramente cruel, ele só me tinha por garantida, como se eu o fosse esperar para sempre. Mas ser ignorada com delicadeza por tanto tempo esfriou meu coração.
As ondas quebravam na costa, uma após a outra, e com elas se quebravam também as minhas últimas ilusões.
Desta vez, eu não vou mais esperar ele voltar.