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Abandonada 52 Vezes, Até Que Eu Desisti
Abandonada 52 Vezes, Até Que Eu Desisti
Auteur: Anônima

capítulo 1

Auteur: Anônima
Hoje era o 52º casamento de mim e de meu namorado. Desta vez, convidei apenas os familiares mais próximos.

Mesmo com febre alta, eu ainda estava lá, conferindo os detalhes da decoração com a diretora do evento. E Renato, como sempre, nem aí.

Enquanto isso, ele estava na sala do noivo, massageando a perna da estagiária, Bianca Almeida, que tinha chegado às pressas e torcido o tornozelo.

Meus pais viram aquilo e só balançaram a cabeça, cheios de pena.

— Olha só o quanto você já se desgastou. Ele alguma vez se preocupou com você?

Todo mundo sabia o quanto eu me importava com esse casamento. O quanto eu queria que, dessa vez, fosse pra valer.

Mas, quando a cerimônia estava prestes a começar, Renato cancelou tudo de novo. De última hora.

Corri pra falar com ele, mas ele me impediu com o braço.

— A perna da Bianca não melhorou. Eu preciso levar ela no hospital.

— Vamos cancelar de novo, tá? Da próxima vez, eu juro que não vou sair no meio.

E então ele soltou minha mão à força, e ajudou ela a subir no banco da frente do carro.

Em cinco anos de namoro, essa foi a quinquagésima segunda vez que ele cancelava nosso casamento por causa dela.

Antes, eu teria surtado. Teria gritado, cobrado, perguntado por que sempre tinha que ser justo no dia do nosso casamento.

Mas dessa vez, fiquei parada. Só sorri, bem de leve.

— Tudo bem. A perna da Bianca realmente não podia esperar.

Renato ficou um pouco surpreso, como se não esperasse que eu fosse reagir assim.

— Que bom que você entende. À noite eu trago aquele bolo de morango que você gosta.

Assenti com a cabeça. Assim que ele subiu no carro e fechou a janela, meu sorriso sumiu.

Ele esqueceu. Eu odeio morango. Odeio bolo. Quem gosta de bolo de morango... não sou eu.

Um dia, ele trouxe um pra tentar me animar. Eu comi um pedaço só pra não decepcionar ele, quase passando mal. Depois contei que detestava morango e bolo.

Ele ficou sério, pegou o celular e anotou "Nunca esquecer".

Passou um ano. E o "nunca" já tinha virado passado.

O sol queimava minha pele, mas por dentro, eu só sentia frio.

Dei uma risadinha amarga. Voltei pro salão, anunciei que o casamento estava cancelado e, na frente de todos, rasguei o vestido que já tinha usado cinquenta e duas vezes.

Eu sabia que era hora de dar adeus a esse amor de cinco anos.
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