Zyan percebeu a tristeza de Isadora e soltou um leve sorriso antes de falar, num tom calmo, quase gentil.Diante desse raro momento de trégua, Isadora não disse mais nada. Simplesmente se levantou e saiu do café. Para ela, tanto fazia onde estava — o mundo todo parecia igual agora. Desde que ninguém interferisse nos seus planos, o resto não importava.A vida dela... ou até mesmo a morte... nada disso era mais essencial. Se no fim de tudo ela pudesse reencontrar Aline, então que fosse. Ela aceitaria de bom grado.Enquanto observava Isadora se afastando, Zyan levantou a xícara, tomou um gole e soltou um comentário leve, quase divertido:— Essa mulher... é mesmo interessante.Mas Ale estava inquieto, olhando para Zyan com a testa franzida:— Chefe... vamos deixar ela ir embora assim? E a contratante, como vai ficar?Zyan devolveu o olhar com um ar de quem estava observando uma criança ingênua:— A contratante? Ela é que vai querer esconder isso, você acha que vai sair por aí contando o qu
— Me arruma um notebook.Na hora de programar o sistema de alarme, ela nem pensou que pudesse ser cancelado no meio. Agora... ficou um pouco complicado.E Zyan não perdeu tempo. Pediu para um dos seus homens trazer o computador.Os dedos de Isadora se moviam rápido no teclado. Depois de cinco minutos, finalmente conseguiu desativar o sistema de alarme. Olhou para Zyan e falou baixinho:— Na real, esse meu sistema de alerta custou bem caro...— Você tá querendo morrer?Zyan não aguentava mais. Desde que aquela mulher começou a falar à vontade, parecia que cada palavra era uma faca, furando o coração dele — uma irritação sem fim!Vendo que ele ficou sério de verdade, Isadora suspirou e murmurou:— Então... será que a gente podia ir para outro lugar conversar? Aqui não parece muito... apropriado.— Vem comigo.Zyan concordou. Ele também sabia que o que iam tratar não combinava nem um pouco com aquele ambiente.Quando Isadora se sentou no café, ainda estava tentando assimilar a cena: ela,
Zyan olhou para Isadora incrédulo, sentindo que talvez tivesse errado o alvo:— Ele... ele não gosta de você?— Ele não me ama. O coração dele já tem dona. Eu só fui usada pela família. Podia ter levado uma vida tranquila... mas ele matou minha filha. Nunca vou perdoar isso. E deixar barato? Nem pensar!Isadora fechou os punhos com força.— Se você quer tomar tudo de volta da família Barga... então vamos fazer uma aliança. Que tal?Zyan bufou, cheio de desdém:— Fazer aliança comigo? Por quê?Ele não era bobo, sabia que Isadora só queria ganhar tempo.Isadora falou com calma:— Tenho 51% das ações do Grupo Carvalho. Se precisar, posso te passar tudo.Para ela, em comparação com sua própria vida, essas coisas eram pequenas. O que importava era sair viva dali.Zyan ficou surpreso com a proposta.— Tem 15 minutos para pensar. Logo vão te cercar. Aí, pode esquecer a parceria.Isadora sorriu, balançando o relógio no pulso.— Zyan, na próxima vez que sequestrar alguém... faça uma pesquisa an
Isadora deu de ombros, o olhar cheio de resignação:— Comparado à minha vida... qualquer outra coisa parece pequena. Chefe, como é nossa primeira conversa, que tal irmos direto ao ponto?Zyan arqueou a sobrancelha, com um sorriso leve:— Você é esperta mesmo. Me chamo Zyan Barga. Alguém pagou dois milhões para ver você morta. O problema é que... agora estou achando um desperdício te matar.Enquanto falava, tirou do bolso um maço de promissórias e jogou tudo na cara dela. Os papéis voaram como flocos de neve, caindo aos poucos diante de Isadora.Ela abaixou a cabeça para olhar melhor. Assim que viu o nome de quem assinava os papéis: Jorge Freitas. Tudo ao redor pareceu escurecer por um instante. Riu com escárnio.— Ah, o sangue é forte demais... mesmo preso, meu querido tio ainda arruma um jeito de me afundar junto.Zyan a observou, incomodado. Se aproximou, segurou o queixo dela e a obrigou a olhar para ele.— Não está nem um pouco curiosa para saber quem quer te ver morta?Isadora sol
Isadora ficou tanto tempo sentada no chão que já nem sentia mais as pernas. Tentou se levantar, mas a porta foi arrombada com um chute brutal. O impacto a jogou longe. Caiu com força — e mal acreditou no que viu: quatro brutamontes invadiram o quarto.— Quem são vocês?! O que querem?!O spray de pimenta que estava em sua mão voou para o canto do quarto. Sem alternativa, ela agarrou um pedaço de madeira quebrada ao lado, pronta para se defender.Mas nenhum deles disse uma palavra. Um veio direto para cima dela, chutou o pedaço de madeira e puxou seu cabelo com força, arrastando-a para fora do quarto.A dor foi absurda. Isadora sentiu como se arrancassem seu couro cabeludo. As lágrimas caíram na hora. Lutou, chutou, gritou — mas não adiantava nada. E pensar que estava num hotel cinco estrelas... mas agora, nem adiantava pedir socorro.— Me soltem! Vocês têm ideia do que estão fazendo? Isso é crime, seus covardes!Ela se debatia com raiva, cuspindo cada palavra com ódio.Um dos homens par
Só de ouvir o “Isinha” saindo da boca do Olavo, Isadora sentiu um arrepio na espinha. Arregalou os olhos, incrédula. Jamais imaginou que ele conseguiria dizer algo tão nojento com tanta naturalidade.Com a testa franzida e o maxilar travado, retrucou com desprezo:— Minha filha morreu. E você ainda acha que tudo isso é drama meu? De onde vem essa sua confiança toda? Olavo, com tanto dinheiro que tem, custa nada comprar uns espelhos para encarar a realidade, né?Ele tentou manter a calma e respondeu como se estivesse fazendo um favor:— Sei que a morte da nossa filha foi uma ferida para você. Mas se você gosta tanto de filhos assim... podemos ter outro.Olavo parecia enxergar nela algo que nunca tinha visto — e estava decidido a não deixá-la escapar.Mas toda essa certeza no rosto dele só fazia Isadora achar tudo ainda mais patético.E, no fundo, ela nem o culpava. O erro tinha sido dela.No passado, Olavo parecia brilhar. Mas agora, olhando bem, não passava de um homem comum.Era o amo