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Capítulo 7

Author: Joana Oliveira
Luana foi até o hospital para verificar o estado do paciente e, assim que a família descobriu que ela era a cirurgiã responsável pela operação, quase se ajoelhou diante dela para expressar gratidão.

Com gentileza, Luana e a equipe médica que a acompanhava se apressaram em ajudá-los a se levantar.

— O que é isso? — Disse ela, com a serenidade de quem estava acostumada a lidar com situações assim. — Salvar vidas é a nossa obrigação.

— Doutora, se não fosse a senhora, meu filho não estaria mais aqui. Vocês devolveram a esperança à nossa família. Serei eternamente grata a cada um de vocês.

A mãe idosa do paciente chorava sem conseguir conter as lágrimas, um choro carregado de alívio e felicidade por ter afastado a sombra da tragédia.

Como médicos, Luana e seus colegas já haviam visto de perto incontáveis momentos em que a vida e a morte se mediam em segundos. Ainda assim, conseguir arrancar alguém das mãos da morte era sempre motivo de profunda satisfação.

O paciente, agora, estava fora de perigo; a cirurgia havia sido um sucesso e, até aquele momento, não havia sinais de sequelas. No meio de tanto azar, aquela era uma sorte quase milagrosa.

Luana se aproximou da senhora, ofereceu algumas palavras de consolo, reforçou as orientações pós-operatórias e, em seguida, deixou o quarto acompanhada de sua equipe.

Ao voltar para o escritório, foi surpreendida por uma ligação do pai, Douglas Freitas.

Ela segurou o celular por alguns segundos, ponderando se deveria ou não atender, até que finalmente deslizou o dedo na tela.

— Luana, você pode vir aqui com o Ricardo? — Perguntou o pai.

Ela imediatamente imaginou do que se tratava e sua expressão se fechou.

— Se tem algo para dizer, fala de uma vez.

— Mas que maneira é essa de falar comigo? — Retrucou Douglas, num tom de repreensão. — Não posso chamar vocês para virem em casa mesmo quando não há nada de especial? Quero vocês aqui à tarde, entendeu?

Sem dar espaço para qualquer resposta, ele encerrou a chamada.

...

Naquele momento, Ricardo estava em uma reunião na empresa quando recebeu uma mensagem de Vanessa: [Ricardo, o Leo já chegou no jardim de infância. Obrigada. Se não fosse você, ele nem teria como estudar.]

Ele leu rapidamente e respondeu de forma curta: [De nada.]

Ao abrir o WhatsApp, seu olhar caiu sobre a conversa com Luana. Percebeu, então, que a última vez que ela havia mandado mensagem fora no dia 8 do mês anterior.

Naquela ocasião, ela havia perguntado se ele ainda planejava aparecer no fim de semana. Ele não havia respondido. E, desde então, ela também nunca mais tentou entrar em contato.

"Que frieza", ele pensou.

...

No fim da tarde, Luana permaneceu parada por um momento diante da porta da casa da família Freitas antes de decidir entrar. Sua mãe, Agatha Freitas, veio recebê-la com um sorriso caloroso.

— Luana, você voltou.

Agatha olhou discretamente para fora, como se esperasse ver alguém acompanhando a filha, mas a expressão levemente decepcionada não passou despercebida por Luana.

— Não precisa procurar. — Disse ela, num tom neutro. — Vim sozinha.

O sorriso da mãe perdeu um pouco da naturalidade.

Naquele instante, Douglas desceu as escadas. Ao perceber que Ricardo não estava com a filha, franziu o cenho em desaprovação.

— Eu não disse para você trazer o Ricardo junto?

— Ele não tinha tempo. — Respondeu Luana de forma direta.

— Como assim não tinha tempo? Ele é seu marido! — A voz dele soou impaciente. — Que casal não discute e depois não se acerta debaixo dos lençóis? Você nem sequer consegue fazer com que ele venha jantar em casa... isso é patético!

O coração de Luana ficou gelado. Ninguém parecia disposto a ouvir o seu lado ou tentar compreendê-la, nem mesmo a própria família.

Douglas não se preocupava em perguntar os motivos, apenas a criticava. E, nos últimos seis anos, nada havia mudado.

Ela recordou o dia em que se casou com Ricardo. Os pais estavam radiante de felicidade e não se importaram com dote. Naquele momento, a família Freitas, apesar de não ser tão rica quanto a família Ferraz, levava uma vida confortável em comparação com a maioria. Luana acreditava, de verdade, que os pais desejavam apenas vê-la feliz.

Mas o casamento revelou outra realidade. Logo, os pais passaram a usar seu status de Sra. Ferraz para pressioná-la a pedir dinheiro a Ricardo. No início, diziam querer uma casa mais luxuosa e um carro melhor para o irmão. Depois, quando Douglas perdeu dinheiro em negócios malfeitos, insistiram para o genro cobrir o prejuízo.

Na cabeça deles, o filho sempre vinha em primeiro lugar. Ela, por outro lado, parecia ser apenas uma árvore de dinheiro que havia se apoiado numa família rica.

— É uma pena mesmo. — Disse Luana, recuperando-se do turbilhão de pensamentos e mantendo a calma. — Porque vou me divorciar dele.

Douglas ficou rubro de raiva ao ouvir a palavra "divórcio" e, sem hesitar, deu um tapa no rosto da filha.
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